Uma ação conjunta entre a Corregedoria-Geral da Brigada Militar e a Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (06), uma ofensiva contra extorsões e agiotagem, em Porto Alegre e Cachoeirinha. Os policiais cumpriram mandados de prisão temporária contra um policial militar, um advogado e um empresário.
A investigação começou no final do ano passado, após a denúncia de uma moradora de Xangri-Lá, no Litoral Norte. Ela e a companheira gerenciam uma imobiliária. Segundo a denunciante, em 2023, teriam feito um empréstimo de R$ 300 mil com um agiota que, segundo a polícia, se apresentou como se fosse um empresário.
A gerente alega que a dívida foi quitada em fevereiro do ano passado, porém, as cobranças continuaram nos meses seguintes. O agiota teria recebido R$ 600 mil das vítimas. Ainda segundo ela, no início de novembro, um soldado da BM foi ao estabelecimento e cobrou a transferência de mais R$ 250 mil.
Conforme afirmou a mulher, o PM teria disponibilizado uma conta de PIX para receber os valores. O policial teria ameaçado torturar as vítimas e os familiares delas, além de atear fogo no local. No dia 24 do mesmo mês, durante a madrugada, a loja dela foi alvo de um atentado.
Um sistema de monitoramento flagrou dois tripulantes de um carro efetuando disparos de arma de fogo contra as vidraças da firma. Cerca de uma hora depois, as vítimas teriam recebido novas mensagens com intimidações. O medo fez com que as mulheres abandonassem o negócio e mudassem de atividades profissionais.
“A vítima, percebendo que os juros eram exorbitantes, e que já teria pago o dobro do valor contraído a título de empréstimo, parou de pagar o agiota. O criminoso chegava a utilizar um advogado para intermediar o acordo para a quitação da suposta dívida. Ambos, durante as cobranças, faziam ameaças aterrorizantes”, informou o delegado regional Cristiano Reschke.
Prisões
O policial denunciado foi preso na manhã desta quinta, em uma casa na zona Norte de Porto Alegre. Ao perceber a entrada dos policiais, ele efetuou três disparos com um revólver contra o próprio telefone celular. Ele foi detido e a arma apreendida pelos policiais.
De acordo com a polícia, o soldado já havia sido preso em dezembro de 2019, em Alvorada. Contudo, acabou sendo solto pela Justiça Militar. Na época, ele e outros 10 colegas foram afastados por decisão da Corregedoria.
A investigação apurou que ele fazia parte de um grupo era suspeito de gerir um esquema que unia cobrança de valores de comerciantes, associação com o tráfico de drogas, desvio de material apreendido e jogo do bicho. Cinco PMs chegaram a ser presos naquela época. ocasião.
Os demais integrantes do grupo criminoso não foram localizados pelos policiais. São eles, o advogado, que também mora em Porto Alegre, e o empresário, de Cachoeirinha. No entanto, durante as buscas, em um imóvel ligado ao segundo suspeito, os agentes da operação prenderam um foragido da Justiça. Apontado como o ‘homem de confiança’ do agiota, o preso tem sete passagens policiais por homicídio.