Nesta terça-feira (23), Ângela Maria Witt, de 46 anos, completa 24 dias internada na UPA Central de Caxias do Sul. Segundo familiares, ela precisa fazer uma tomografia de urgência para diagnosticar uma paralisia das pernas. Entretanto, a paciente não consegue leito em nenhum dos hospitais de Caxias do Sul que atendem pelo SUS.
A tia dela, Neli Witt, conta que a sobrinha parou de trabalhar há cerca de cinco meses por causa de fortes dores nas pernas, que dificultam a locomoção. Ângela trabalhava como auxiliar de serviços gerais nos Correios.
Ainda segundo Neli, a sobrinha não consegue mover as pernas e está com ferimentos nas costas. Além disso, não tem ânimo e vontade de comer o alimento fornecido pela UPA. Fatos que, somados à ânsia pela tomografia a fim de diagnosticar a origem dos sintomas que convive, causam sintomas depressivos em Ângela.
Neli diz também que outras pacientes internadas na UPA Central, com problemas que ela considera menos graves, teriam conseguido leito na rede hospitalar pelo SUS nesse tempo. A família buscou informações e providências na Secretaria Municipal de Saúde, contudo, afirma a tia, não obtiveram uma resposta concreta.
“Tem que esperar chamar, eles dizem. Mandam em cima [setor de internações] lá conversar, mandam pra baixo. Minha irmã foi no Pompéia, mas disseram que tem que ir o nome dela [solicitação de baixa pelo SUS] para internar”, conta Neli sobre a busca dos familiares na sede da secretaria e no hospital.
O drama da família é agravado pela dificuldade de cuidar de Ângela. A paciente mora sozinha em um dos andares do sobrado onde vivem os pais. Inclusive, o pai dela, de 83 anos, também está internado – com pneumonia, no Hospital Saúde. A perspectiva é de que seja liberado ainda nesta terça. Sem a filha para ajudar, ele só tem a esposa, de 87 anos, para cuidar da recuperação dele.
Legislativo
O caso de Ângela foi parar na Câmara de Vereadores. A Comissão de Saúde recebeu as informações no final da manhã desta terça. O presidente do grupo de trabalho, vereador Olmir Cadore (PSDB) diz que vai solicitar providências junto ao Executivo.
“É uma situação que não deveria estar ocorrendo. Hoje mesmo, a Comissão de Saúde vamos buscar encaminhar uma solução para o caso da Ângela”, assegurou.
A Secretaria Municipal de Saúde se manifestou por meio de nota. Confira a íntegra do texto:
“A triagem de pacientes obedece a critérios clínicos e disponibilidade de vagas conforme o quadro de saúde de cada um. A liberação de vaga em hospital depende que outro paciente tenha alta. Cada caso é analisado separadamente, há situações que demandam leito de isolamento ou um tipo de leito que apenas algum hospital específico ofereça e, ainda, quando ocorrem ambas situações para o mesmo paciente, a triagem é mais difícil.
O tempo de espera médio para esta época do ano é de até oito dias. A paciente em questão, no entanto, aguarda há 20 dias por impossibilidade de liberação de leito de acordo com a necessidade para o quadro dela. A Secretaria Municipal da Saúde acompanha e monitora diariamente junto à Central de Regulação de Leitos, para que a internação hospitalar ocorra com a maior brevidade possível. Enquanto isso, a paciente está em atendimento na UPA.
Em 2022, o município conseguiu impedir que 34 leitos fossem fechados após a pandemia de Covid-19 e paga essas vagas com recursos próprios (R$ 905 mil ao mês). Além disso, Caxias do Sul abriu mais 70 leitos no Hospital Geral (HG) em 2023 e mais 40 entrarão em operação em breve, a partir de agosto”.