A Polícia Civil detalhou em coletiva na sede da Delegacia Regional de Capão da Canoa, na manhã desta segunda-feira (6), a prisão da suspeita de ter envenenado um bolo que matou três pessoas em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A investigação confirmou, após perícia, que a sobremesa – um bolo de reis – continha arsênio. Uma concentração altíssima do veneno foi encontrada na urina e em conteúdo estomacal das três vitimas, o que explica as causas das mortes.
Conforme informações da polícia, a mulher teve a prisão temporária decretada pela Justiça e foi levada para a Delegacia da Polícia (DP) e, depois, ao Presídio Estadual Feminino de Torres. A detida seria nora da mulher que fez o bolo em Arroio do Sal, que ainda está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A identidade da possível autora não foi revelada pela polícia.
Entre os resultados da investigação, também detalhados pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), foi informado que a fonte de contaminação do bolo foi uma farinha, ao qual, entre 89 amostras analisadas, foram encontradas alta concentração de arsênio no produto na casa da família. Contudo, as provas do envolvimento da suspeita, assim como o veneno foi inserido e adquirido, ainda não foram revelados, para preservar a continuidade da investigação.
“Foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio no bolo, tão elevado que é impossível de ser contaminação natural”, relatou Marguet Mittman, diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Apesar de relatos da família ter uma relação harmoniosa, foi constatado pelas diligências policias que a suspeita teria divergências familiares há cerca de 20 anos, contudo, consideradas muito pequenas.
“Divergências não eram relevantes para acreditar na sequencia tão trágica, mas a cabeça das pessoas é uma caixa de surpresas e foi uma surpresa pra nós também”, apontou o inquérito.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Marcos Vinicius Veloso, as provas são consideradas robustas e serão anexadas ao inquérito da Polícia Civil. Ele também sinalizou que o indiciamento ocorrerá no prazo máximo de 30 dias.
Inicialmente, o caso é avaliado como triplo homicídio duplamente qualificado e tem como qualificadoras, motivo fútil e emprego de veneno. Ainda está sendo avaliada a qualificadora de dissimulação.
Por fim, a polícia ainda tenta esclarecer se a autora do bolo ou toda a família eram alvos da suspeita. Essa dúvida deve ser esclarecida nos próximos dias após oitiva, que deve ocorrer ainda nesta semana. Além disso, a Polícia Civil também aponta que há indícios de que o ex-marido da mulher que preparou o bolo, que morreu em setembro do ano passado, também tenha sido vítima de envenenamento. O caso será apurado. A morte foi tratada, inicialmente, como intoxicação.