SEM SOLUÇÃO

Falta de fiscalização na ponte pênsil, entre Torres e Passo de Torres, gera preocupação e controvérsia entre prefeituras

Estrutura ficou conhecida nacionalmente por conta de uma tragédia no Carnaval 2023 que culminou com a morte de um caxiense

PONTE PÊNSIL
Ponte pênsil, do lado de Santa Catarina (Foto: Eduardo Garcia/Grupo RSCOM)

A ponte pênsil, localizada entre Torres, no Rio Grande do Sul, e Passo de Torres, em Santa Catarina, e que ficou conhecida nacionalmente por conta de uma tragédia no Carnaval 2023 já teve sua estrutura reinaugurada, no entanto, ainda é possível visualizar a imprudência praticada pelos usuários, além da falta de fiscalização entre as duas cidades.

A estrutura foi construída em aço, madeira e concreto, passando por cima do Rio Mampituba. Uma placa indica que a capacidade máxima da ponte é de 10 pessoas, além de constar a impossibilidade de se jogar na água.

Todavia, com o alto movimento de veraneio, a quantidade máxima é frequentemente superada, além de ser possível presenciar crianças pulando na água.

Placas de aviso na ponte pênsil no lado de Santa Catarina (Foto: Eduardo Garcia/Grupo RSCOM)

A reconstrução da ponte pênsil foi iniciada em outubro de 2023, com orçamento de R$ 700 mil. As obras foram realizadas pelo município catarinense.

A reportagem do Portal Leouve entrou em contato com as prefeituras das duas cidades, a fim de saber se medidas fiscalizadoras mais rígidas devem ser adotadas. No entanto, as respostas obtidas mostraram certa controvérsia.

O secretário de Administração de Passo de Torres, André Porto, informou que existe um estudo para que sejam instaladas catracas na ponte pênsil, porém a empresa responsável ainda não passou o orçamento do equipamento.

“Foram instaladas várias placas na cabeceira da ponte. Estamos fazendo um estudo para possivelmente colocar catracas para fazer o controle da quantidade de pessoas. Mas acredito que a solução será com guarda nas cabeceiras da ponte. Só com as placas o povo ainda não respeita, que é o caso de ficar pulando lá de cima”, salientou.

Limite de 10 pessoas é seguidamente ultrapassado (Foto: Eduardo Garcia/Grupo RSCOM)

No entanto, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Torres explicou como estão sendo os procedimentos em dias mais movimentados, e que pelo menos por enquanto não há expectativa de serem instaladas catracas.

“Desde que ela foi recolocada podem passar, ao mesmo tempo, 10 pessoas juntas no máximo, ai quando tem datas comemorativas como Natal, virada do ano, Carnaval e a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que é a padroeira de Passo de Torres, a ponte é interditada tanto do lado de Torres quanto de Passo de Torres. Não existe ninguém que fique ali fazendo fiscalização 24 horas. A Guarda Municipal passa nos finais de semana em pontos que a gente sabe que tem maior fluxo de pessoas para orientar e dizer que são no máximo 10 pessoas que podem passar ao mesmo tempo. Então assim, não vai ter catraca, não tem nenhum tipo de fiscalização neste sentido”, afirmou.

Questionados sobre a resposta da Prefeitura de Passo de Torres sobre o estudo para a colocação das catracas, a assessoria da Prefeitura de Torres não acredita que isso se concretize.

“Sim, mas faz tempo já que está acontecendo este estudo e eu acredito que isso não vá acontecer, mas pode ser que coloquem, não sei dizer”, finalizou.

Imagens/Eduardo Garcia/Grupo RSCOM

Incidente resultou na morte de um caxiense

Durante a madrugada de 20 de fevereiro de 2023 houve a queda da ponte pênsil. Imagens da época mostravam um homem pendurado e pessoas despencando na água. Relatos apontam que havia mais de 100 pessoas sobre a estrutura e que ao menos 30 caíram no rio.

O jovem caxiense Brian Grandi, de 20 anos, morreu afogado. O corpo dele foi encontrado na Praia Azul em Passo de Torres, no dia 23 de fevereiro, após quatro dias de busca.