INVESTIGAÇÃO

Líder de grupo que sequestrou homem a mando da enteada em Bento Gonçalves é preso em Porto Alegre

Polícia Civil prendeu, nesta quarta (13), o acusado de coordenar o sequestro de Osmir Rodrigues dos Santos, 67 anos. O fato ocorreu no dia 27 de agosto, no distrito do Vale Aurora

 Suspeito foi preso, na manhã desta quarta-feira (13), no bairro São José, em Porto Alegre.
Suspeito foi preso, na manhã desta quarta-feira (13), no bairro São José, em Porto Alegre. | Foto: 1ª DP/BG

Os agentes de investigação da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Bento Gonçalves identificaram e prenderam o acusado de coordenar o sequestro de Osmir Rodrigues dos Santos, 67 anos. O fato aconteceu, no dia 27 de agosto deste ano, no distrito do Vale Aurora.

Após a representação da Polícia Civil (PC), o Poder Judiciário decretou a Prisão Preventiva de um homem, de 42 anos. Diante disso, a Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), localizou o suspeito, nesta quarta-feira (13), na cidade de Porto Alegre, onde foi realizada a prisão e, posteriormente, encaminhado ao Sistema Prisional.

Investigação de sequestro e cárcere privado

As autoridades policiais receberam a informação, no dia 27 de agosto de 2024, de um suposto sequestro ocorrido no Vale Aurora, interior de Bento Gonçalves. As informações surgiram após, uma das vítimas ter sido localizada por vizinhos, em um matagal, nas proximidades de sua residência. Na oportunidade, a mulher relatou que estava fugindo da própria residência, pois teria sido mantida em cárcere privado durante todo o dia.

As primeiras diligências evidenciaram que se tratava de um sequestro e cárcere privado envolvendo duas vítimas, uma delas uma mulher, de 56 anos, que foi localizada no mesmo dia no meio do mato e a outra vítima, um homem de 67 anos, identificado como, Osmir Rodrigues dos Santos, esposo da primeira vítima, e que ele estava desaparecido.

Já nos primeiros dias de apuração, a investigação apurou que a autoria recaia sobre a própria filha do casal. A suspeita residia com o casal e, na madrugada daquele dia, recebeu na residência três homens que, sob sua coordenação, que sequestraram Santos. Ele foi retirado a força de dentro do próprio quarto e levado para fora da residência.

Enquanto isso, a suspeita continha a própria mãe para não intervir na cena. Após a retirada de Santos, a filha da mulher permaneceu na casa, mantendo a própria mãe em cárcere privado dentro de um dos cômodos durante todo o dia. Ao final daquele dia, a mãe conseguiu fugir do local, através do forro da casa, sendo localizada no matagal próximo à residência. Ela foi socorrida por vizinhos e encaminhada ao hospital.

Após as evidências coletadas pela Polícia Civil, foi solicitada, ao Poder Judiciário, a Prisão Temporária da suspeita, a filha, de 38 anos, que foi deferida pela justiça, de modo que sua prisão foi efetivada pela equipe da 1ª DP, no dia 31 de agosto. No curso da apuração, inclusive após a prisão, não houve qualquer tipo de colaboração da investigada acerca do paradeiro de Santos, que não é pai biológico da acusada.

Os investigadores seguiram com o trabalho de forma a encontrar evidências concretas de que a vítima teria sido levada, forçadamente, para o Litoral Norte. Na cidade de Osório, Santos foi internado em uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Tal fato chamou atenção da equipe policial, visto que após vários dias de trabalho não se tinha notícia de que a vítima, Santos, seria dependente químico.

O que se sabia era que ele trabalhava durante o dia todo e à noite, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida antes do jantar. Já, na noite de 7 de setembro, a polícia descobriu que a enteada de Santos planejou uma internação forçada no estabelecimento. Ela contratou pessoas, chamadas de “captadores”, cuja atividade é voltada para realizar a condução de pessoas indicadas por algum familiar até alguma clínica que aceite tal paciente.

Dias antes de concretizar a ação, a enteada manteve contato com líder do grupo de “captadores”, que foi preso nesta quarta-feira (13). Ela o contratou para encaminhar seu padrasto, de forma involuntária, eles teriam vindo a Bento Gonçalves, na madrugada do dia 27 de agosto, ingressaram na residência, em conluio com suspeita, entraram no quarto de Santos, imobilizaram-no, amarraram suas mãos e arrastaram-no até um veículo que estava do lado de fora. Por fim, conduziram-no, amarrado, até uma clínica de recuperação de dependentes químicos, no litoral.

Diante dos indicativos contundentes de sequestro e do possível destino da vítima, a equipe da 1ª DP, de Bento Gonçalves, deslocou-se, na manhã do dia 8 de setembro, até a referida clínica, onde localizou e resgatou Santos. A vítima foi obrigada a assinar documentos para ingresso no estabelecimento e um destes seria um termo de internação voluntária. Porém, diante do contexto investigado, constatou-se que, apesar da assinatura, tratava-se de internação que não atendia aos preceitos legais. Santos foi resgatado pelos agentes da PC e trazido, de volta, para Bento Gonçalves e entregue à família.

Prisão do captador

O homem responsável por coordenar a equipe de captadores foi identificado e representado sua Prisão Preventiva ao Poder Judiciário. Após a decisão favorável da justiça, iniciaram-se as buscas pelo suspeito e a 1ª DP contou o apoio, especializado, da Deic, cuja equipe localizou e prendeu, na manhã desta quarta-feira (13), os suspeito, de 42 anos, no bairro São José, em Porto Alegre.

Dessa forma, a 1ª DP encaminhou o encerramento da investigação, onde os principais mentores deste caso foram presos preventivamente. Dentro os detidos estão, a enteada da vítima, que planejou o sequestro, bem como o líder dos “captadores”. O Inquérito já foi remetido ao Poder Judiciário com a prisão dos principais envolvidos e com o indiciamento do responsável pela clínica, situada em Osório, pela internação indevida.