Bento Gonçalves

Nota do CIC-BG sobre trabalho análogo à escravidão tem má repercussão nacional

Posicionamento causou polêmica e repercutiu nacionalmente

Trabalhadores eram alojados em quartos minúsculos, sujos e sem arejamento apropriado
Trabalhadores eram alojados em quartos minúsculos, sujos e sem arejamento apropriado

Em nota, diante do trabalho análogo à escravidão descoberto em parreirais no município, o Centro da Indústria Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) causou polêmica ao criar correlação entre o caso e “um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”. O posicionamento teve repercussão negativa nas redes sociais e ganhou réplica, inclusive, de deputados federais.

No trecho que mais polêmico, o CIC-BG afirma que situações, como a descoberta na semana passada, “infelizmente estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.”

A entidade termina o texto enfatizando que “é tempo de trabalhar em projetos e iniciativas que permitam suprir de forma adequada a carência de mão de obra, oferecendo às empresas de toda microrregião condições de pleno desenvolvimento dentro de seus já conceituados modelos de trabalho ético, responsável e sustentável.”

Relembre

Na quarta-feira (22), uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MP) resgatou 206 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves. A ação foi consequência de denúncia feita por envolvidos que conseguiram fugir da pousada em que ficavam alojados.

Os trabalhadores chegaram em Bento Gonçalves através da Fênix  Serviços de Apoio Administrativo. Entre as alegações estavam agressões físicas e psicológicas, ameaças, atraso e não efetivação de pagamentos e jornadas de até 20 horas diárias de trabalho. Na sexta-feira (24), os trabalhadores, em grande maioria vindos da Bahia, retornaram para casa após acordo com a empresa contratante. O proprietário foi preso, mas liberado após pagamento de fiança no valor de R$ 39 mil.

Confira a nota completa:

Na condição de entidade fomentadora e defensora do desenvolvimento sustentável, ético e responsável dos negócios e empreendimentos econômicos, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves vem acompanhando com atenção o andamento das investigações acerca de denúncias de práticas análogas à escravidão no município. É necessário que as autoridades competentes cumpram seu papel fiscalizador e punitivo para com os responsáveis por tais práticas inaceitáveis.

Da mesma forma, é fundamental resguardar a idoneidade do setor vinícola, importantissima força econômica de toda microrregião. É de entendimento comum que as vinícolas envolvidas no caso desconheciam as práticas da empresa prestadora do serviço sob investigação e jamais seriam coniventes com tal situação. São, todas elas, sabidamente, empresas com fundamental participação na comunidade e reconhecidas pela preocupação com o bem-estar de seu colaboradores/cooperativados por oferecerem muito boas condições de trabalho, inclusive igualmente estendidas a seus funcionários terceirizados. A elas, o CIC-BG reforça seu apoio e coloca-se à disposição para contribuir com a busca por soluções de melhoria na contratação do trabalho temporário e terceirizado.

Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.

É tempo de trabalhar em projetos e iniciativas que permitam suprir de forma adequada a carência de mão de obra, oferecendo às empresas de toda microrregião condições de pleno desenvolvimento dentro de seus já concetuados modelos de trabalho ético, responsável e sustentável.