A dona de casa Eva Borges Paim e a família dela enfrentam, há anos, uma situação de abandono e risco na rua Pedro Girardi, número 69, no bairro Reolon, em Caxias do Sul. Desde 2017, eles convivem com uma rede de esgoto a céu aberto que corta a região e, nos dias de chuva, transborda e invade as residências.
O problema piorou após as fortes chuvas de maio de 2024. Na ocasião, a Defesa Civil interditou sete casas na rua, incluindo a de Dona Eva e a da filha dela. Laudos técnicos confirmaram que as estruturas estão comprometidas e classificaram a área como inabitável:
“A cada temporal, a situação só piora. Temos deslizamento de terra, queda de árvores e buracos que se abrem no solo. Não dormimos direito, qualquer barulho nos assusta”, relata Eva.
Atualmente, ela, o esposo, a filha e dois netos vivem de forma improvisada na casa da filha mais velha. No entanto, esse imóvel também foi interditado há cerca de três meses.
“Estamos vivendo de favor em um imóvel que também não tem segurança estrutural. Ninguém da Prefeitura nos oferece uma solução definitiva. Falam em auxílio aluguel, mas com R$ 842 por mês, como vou alugar uma casa com o mínimo de três quartos para abrigar minha família?”, questiona a moradora.
Falta de manutenção agrava a situação
Além da estrutura precária das moradias, a falta de manutenção na rede de drenagem piora o cenário. Há algumas semanas, Eva entrou em contato com o serviço Alô Caxias e solicitou a limpeza de um boeiro. Técnicos foram até o local, mas, segundo ela, apenas fizeram uma vistoria superficial e deixaram o serviço incompleto.
“Vieram, olharam, tiraram fotos e foram embora. O entupimento continua e, a cada nova chuva, a água volta a invadir tudo de novo”, reclama.
Eva afirma que já esteve pessoalmente no gabinete do prefeito e entregou um abaixo-assinado com o apoio da comunidade. Mesmo assim, segundo ela, o problema segue sem solução.
Rede atual impede prefeitura de realizar manutenção
Em entrevista ao programa Bom Dia, Trabalhador da Rádio Viva 94,5 FM, o secretário de Obras de Caxias do Sul, Lucas Suzin, afirmou que a atual rede de esgoto do bairro apresenta difícil acesso, pois passa por dentro de lotes e residências. Essa configuração impede a manutenção por parte do poder público.
Segundo o secretário, não há o que a prefeitura possa fazer enquanto uma nova estrutura de drenagem não for implementada na região. Atualmente, a água que transborda da rede existente escorre pelas ruas e atinge moradores que vivem em áreas mais baixas:
“Estamos tentando abrir mais redes coletoras pra que essa água possa, ao sair por fora desses lotes, entrar em outras redes e não prejudique tanto pessoal que está mais abaixo na rua”, afirmou Suzin.
Ele também destacou que a pasta trabalha em um projeto para substituir a rede atual por outra que não passe por dentro das casas, o que permitirá acesso e manutenção adequada pela prefeitura.
Famílias seguem sem resposta
Mesmo vivendo em condições precárias e com laudos técnicos que apontam risco estrutural, as famílias seguem sem uma definição sobre quando e como serão reassentadas.
“Estamos esquecidos. Só queremos uma moradia digna”, desabafa a moradora.
A reportagem vai procurar a Secretaria da Habitação, a Defesa Civil e a Prefeitura de Caxias do Sul para buscar esclarecimentos sobre quais providências estão sendo tomadas para resolver o problema e garantir segurança às famílias afetadas.