A Câmara da Indústria e Comércio de Caxias do Sul (CIC) divulgou uma análise dos impactos da estiagem e da crise que o Coronavírus está causando na economia no setor de agronegócio. A região da Serra Gaúcha, tradicionalmente conhecida pela produção de uva, sofreu grandes perdas na produção devido a falta de chuvas nas culturas de forma geral.
A uva, segundo o economista José Paulo Soffredi Soares, pode ter uma perda de 25% na produção, totalizando cerca de 420 milhões de quilos. A baixa na produção tem duas explicações: excesso de chuvas na época de floração e estiagem nos meses do amadurecimento. Por outro lado, o problema que impactou na baixa quantidade da fruta nesta safra, causou um aumento positivo na qualidade da uva.
Já a venda de vinhos tem uma perspectiva de queda de 60%. Os primeiros meses do ano sempre apresentam baixa nas vendas da bebida, fator que deve ser agravado pelo cancelamento de festas, eventos e restaurantes que deixaram de comprar o produto. Outro fator é a orientação de evitar o consumo de bebidas alcoólicas por baixar a imunidade.
O cultivo da maça também sofreu com estiagem, mas os produtores foram beneficiados com a alta do Dólar, visto que grande parte da produção nos Campos de Cima da Serra é voltada para exportação.
Os consumidores também vêm observando a alta nos preço dos ovos nos supermercados. O aumento do preço de comercialização do alimento é atribuído a falta de alojamento para galinhas poedeiras, forçando o preço a subir. Esta deficiência deve ser suprida até o final mês de abril. Com Dólar acima dos R$ 5, o preço do milho, utilizado como ração para as aves, vai subir, causando aumento no preço dos ovos e frangos.
Os hortifrutigranjeiros também tiveram queda nas vendas, principalmente devido ao fechamento das escolas. Na contramão da crise, iniciativas como a da Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares (CAAF) de Caxias, que criou a “Feira em Casa” para venda on-line dos hortifrúti, vem driblando a baixa nas vendas.
Queda e solução
Dados fornecidos pelo Sebrae apontam uma queda de 44% no faturamento anual do agronegócio. Em relação a outros setores da economia, o agro é o setor que deve sofrer menos os impactos da crise. Mais da metade dos produtores aponta que medidas governamentais como subsidiar pagamento de salários e custos fixos (53%), seguido pela diminuição nas tarifas de água e luz (41%), podem diminuir o impacto nos agronegócios.