GESTÃO COMPARTILHADA

Educadores de creches rejeitam proposta da Prefeitura e mantêm paralisação em Caxias do Sul

Categoria segue mobilizada e realiza novo ato nesta terça-feira (27) por valorização e melhores condições de trabalho

Foto: Diego Pereira/Grupo RSCOM
Foto: Diego Pereira/Grupo RSCOM

Os educadores infantis das escolas de gestão compartilhada de Caxias do Sul seguem em paralisação por tempo indeterminado. Até o início da manhã desta segunda-feira (26), a Prefeitura ainda não havia dado retorno às demandas da categoria, conforme o Sindicato dos Empregados em Entidades, Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional de Caxias do Sul (Senalba).

Um novo ato público está confirmado para esta terça-feira (27), com manifestações na Câmara de Vereadores e na Prefeitura.

Segundo a administração municipal, a Secretaria de Educação encaminhou uma proposta na sexta-feira (23), porém, a categoria rejeitou.

A mobilização cobra valorização profissional, equiparação salarial e estrutura digna de trabalho nas mais de 50 creches conveniadas do município, que atendem 5.515 crianças.

Diferença salarial expõe desigualdade

Os educadores terceirizados recebem R$ 2.519 por 40 horas semanais, enquanto professores concursados da rede municipal recebem R$ 2.949 por 20 horas. A disparidade entre os modelos de contratação é um dos principais pontos da pauta.

“Quem cuida das nossas crianças recebe menos e trabalha o dobro”, afirma o Senalba Caxias, sindicato que representa os trabalhadores.

Estrutura precária e falta de pessoal

Além dos salários, o sindicato denuncia condições precárias nas escolas, como falta de materiais pedagógicos, infraestrutura improvisada, ventilação inadequada, deficiência na equipe de apoio e atraso na reposição de funcionários demitidos.

“Tem escola funcionando em casas alugadas, com cozinhas sem coifa, parques sem manutenção e poucos computadores para planejar aulas. Isso esgota os profissionais e compromete o atendimento às crianças”, alerta o presidente do Senalba, Claiton Melo.

Vários modelos, salários desiguais

Claiton também chama atenção para os diferentes formatos de gestão da educação infantil no município, e como isso contribui para a confusão e a disparidade.

“Tem profissional ganhando R$ 1.600 por 44 horas. Isso acontece porque se usa o CNPJ de creche, evitando pagar como professor. É uma estratégia política antiga, feita por estados e municípios”, explica.

Prefeitura apresenta proposta oficial

Na última sexta-feira (23), a Prefeitura de Caxias do Sul encaminhou ao sindicato uma proposta formal, com medidas imediatas e projeções até 2028. Entre os pontos propostos:

  • Reajuste de 6,6% para educadores e 5,6% para os demais trabalhadores;
  • Redução do desconto do vale-alimentação (de 10% para 8%) e do vale-transporte (de 6% para 5%);
  • Pagamento de insalubridade de 40% para cuidadores educacionais;
  • Projeção de reajustes exclusivos para educadores com acréscimos de até 3% acima do índice do acordo coletivo nos próximos três anos;
  • Redução gradual dos descontos de benefícios até 2028.

A administração ressaltou ainda que novas negociações salariais só ocorrerão após a implementação integral dessa proposta.

Categoria cobra planejamento e abertura para negociação

Apesar da paralisação, o sindicato reforça que segue disposto ao diálogo:

“Estamos desde sexta-feira à disposição para conversar. Assim que a Prefeitura apresentar uma proposta, levaremos à categoria para deliberação. O que queremos é uma política de valorização construída com planejamento a curto, médio e longo prazo”, conclui Claiton.