TERROIR

Vinícola de Bento Gonçalves vai concentrar a produção em espumantes

Casa Valduga anunciou que apenas 10% dos vinhedos estarão dedicados a Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, entre outras tintas

O sucesso da linha 130, que comemorou os 130 anos da  chegada da família ao  Brasil, foi determinante. (Foto: Reprodução)
O sucesso da linha 130, que comemorou os 130 anos da chegada da família ao Brasil, foi determinante. (Foto: Reprodução)

O município de Pinto Bandeira recebeu a primeira Denominação de Origem (D.O) de espumantes. Hoje, as melhores borbulhas do país hoje vêm da Serra Gaúcha, confirmando a vocação daquele terroir. Atento a esses movimentos, a Casa Valduga acaba de anunciar que irá dedicar-se basicamente aos espumantes.

Eduardo Valduga, membro da sexta geração à frente da vinícola, que este ano comemora os 150 anos da chegada da família ao Brasil, e que há 52 fabrica vinhos e espumantes, confirmou a informação em entrevista à Revista Veja.

“Este é um caminho natural, quando se observa a linha do tempo da história da vinícola. Claro que fiz um movimento para mostrar isso para família, mas acredito que é uma evolução. Desde a
viniviticultura de subsistência, o fornecimento de uvas para as cooperativas, os vinhos de garrafão, até o início da produção de vinhos finos, chegando à excelência dos espumantes, acredito que a trajetória mostra um caminho natural e coerente”, entende.

Para ele, o sucesso da linha 130, o espumante Blanc de Blanc (feito apenas com uvas brancas) que comemorou os 130 anos da chegada da família ao Brasil, foi determinante. Segundo Valduga, os tintos não deixarão de existir, mas serão produzidos apenas em anos de safras excepcionais.

A conversão de 90% dos vinhedos em Chardonnay e Pinot Noir, principais cepas usadas na produção de espumantes, já começou. Apenas 10% dos vinhedos estarão dedicados a Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, entre outras tintas. Todo processo deve ser finalizado ao longo de 10 anos.

Para produzir tintos com a elegância e fluidez de paladares mais exigentes, Eduardo está de olho em outros horizontes.

“A dupla poda trouxe novas possibilidades e é um cenário que nos interessa participar. Estamos estudando onde plantar no Sul de Minas ou em São Paulo”, conta ele

A busca por novos terroirs também cruza algumas fronteiras. No Chile, a Casa Valduga já cravou sua bandeira no Colchagua, 50 km ao sul de Santiago, e já existem estudos em Portugal, com visitas feitas ao Douro e Alentejo. Para consolidar essa nova fase, já está previsto o lançamento do primeiro espumante no Brasil que passa por uma terceira fermentação. A apresentação deve ocorrer na Prowine 2026, o maior evento de vinhos das Américas.

O firme movimento da Valduga pela especialização baseada no terroir chama realmente atenção. Em breve, a maior cave das Américas, que produz 2,5 milhões de litros por ano, será quase toda tomada por espumantes, incluindo esse novo e inédito produto gestado após três fermentações. É mais um motivo para dar um viva às borbulhas nacionais, cada vez mais
valorizadas.

As informações são da Revista Veja.