Bento Gonçalves

Senador aponta PPPs como saída para melhorar infraestrutura

O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) disse na quinta-feira, 21, em palestra no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), que a iniciativa privada precisa participar das questões que envolvem os investimentos no país. “As parcerias público-privadas são a saída”, disse, ao analisar os custos de algumas obras, como o prolongamento da BR-448, entre Portão e Sapucaia do Sul, reivindicação da comunidade regional.

Os cerca de 19 quilômetros da obra custariam à União perto de R$ 1 bilhão – em todo o ano passado, o governo investiu R$ 12,4 bilhões em portos, aeroportos, rodovias e hidrovias. “O Bolsonaro herdou o Brasil com R$ 4 trilhões de dívidas, e um dos grandes problemas que vamos atacar chama-se juros. Em 2018, nós pagamos R$ 1,1 trilhão de juros e da rolagem de dívida. Ninguém aguenta pagar 40% de juro”, comentou.

Mesmo diante desse quadro, Heinze disse que é preciso ter paciência porque as mudanças estão sendo feitas – assim como o Brasil fez ao eleger o novo presidente. “O rumo está traçado para consertamos o país”, disse, enaltecendo os trabalhos para a reforma da previdência. “Temos que focar nos altos salários, como do Legislativo, onde estou, do Executivo, do Judiciário e dos próprios militares e deixar a classe trabalhadora. Temos que mexer nos altos salários para diminuir os efeitos da previdência”, falou, emendando que o próximo passo será a reforma tributária.

Pediu apoio dos empresários para que continuem gerando renda e trabalho, pois os trabalhos para destravar os processos estão sendo feitos. Citou as questões ambientais como exemplo, em especial um caso ocorrido em Rio Grande, envolvendo uma dragagem realizada no porto. “Levaram seis anos para liberar parte dos recursos, um ano para licença do Ibama. Daí começam o trabalho em 2018 sujam uma parte das areias da praia. Uma procuradora entra com a ação e a obra é parada. Estive em janeiro lá e me comunicaram. Falei com o presidente do Ibama e em duas semanas saiu a resolução para tocar a obra. Assim tem que ser o Brasil, não pode parar essas coisas”, opinou.

O senador também citou que muitos entraves vêm de decretos, portarias e instruções normativas, que prejudicam o processo produtivo. Está convocando uma reunião para o começo de abril, com vários setores produtivos do Estado, para identificar esses problemas para que as empresas possam operar sem tanta interferência de questões aplicadas por fiscais do trabalho.

Heinze também se mostrou favorável a concessionar estradas para solucionar problemas de investimentos. Disse que as ferrovias também podem ser retomadas, como forma de desafogar as rodovias – o Estado tem 1,2 mil quilômetros abandonados. A criação de um porto em Torres, o que encurtaria a distância para as empresas exportarem, também está em discussão, com apoio da CIC de Caxias e de empresários. “Em três meses vai ser apresentado um projeto, e haverá capital privado para tocar a obra. Conclamo vocês a entrarem junto neste processo”, disse. “O Rio Grande do Sul tem saídas”.

O ex-deputado federal por cinco mandatos também está focado em renegociar as dívidas dos Estados com a União. Disse que, somados, os Estados devem R$ 680 bilhões ao governo federal, mas têm a receber quase R$ 600 bilhões da lei Kandir. “Vamos reunir todos os governadores dos Estados devedores para uma negociação com o governo federal”, disse Heinze, que fez a entrega de um veículo, antes da palestra, para a Secretaria Municipal de Assistência Social, com verbas de quando era deputado federal.

articulação política em favor do RS

O Estado do Rio Grande do Sul carece de investimentos para sanar gargalos infraestruturais, como a questão da malha rodoviária, por exemplo. Para viabilizá-los, necessita, também, de mais engajamento e comprometimento por parte de seus representantes políticos – essa foi uma das tônicas do pronunciamento do presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, durante a palestra do senador Luiz Carlos Heinze. “Precisamos de políticos que tenham garra em defender os objetivos e necessidades do Rio Grande do Sul. Que façam o RS ser visto pelo Governo Central, e que se articulem com o objetivo de trazer recursos e investimentos para nosso Estado”, disse o presidente do CIC-BG, reforçando ao Senador o pedido pela união dos parlamentares gaúchos a fim de interceder por mais recursos para o Rio Grande.

Para Gialdi, a falta de articulação política dos representantes gaúchos, ao longo dos anos, prejudicou a competitividade do Estado. “Nos últimos 20, 30 anos, o Rio Grande do Sul foi relegado à condição de um Estado menor, sem importância. Parados, estamos sendo ultrapassados por nossos vizinhos. Ficamos passivos perdendo representatividade, perdendo força. Nosso silêncio e a falta de lideranças políticas fortes e articuladas, está custando caro ao Estado.

O Rio Grande do Sul precisa de investimentos principalmente em infraestrutura para devolver a capacidade de competir com os outros Estados, na avaliação dele. “Hoje, sequer temos condições que nos permitam trabalhar de forma adequada. Precisamos de investimentos urgentes em rodovias. Por isso, peço que nos ajude nos pleitos que foram ao senhor demandados”, disse, em referência ao pleito entregue para que o senador interceda em Brasília para que recursos sejam aplicados em rodovias da região.

Entidades pedem melhorias em rodovias da região

Um documento assinado pelo CIC-BG e pela Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICS Serra), composta por entidades de classe de 15 municípios da região, foi entregue ao senador Luiz Carlos Heinze para que interceda em melhorias em rodovias da Serra e do Vale dos Sinos.

As reivindicações pedem o prolongamento da Rodovia do Parque, com ampliação da BR-448, no trecho entre o município de Esteio até o trevo da RS 240, em Portão, e outros investimentos na BR-470: a duplicação do trecho compreendido entre Carlos Barbosa, do trevo de acesso a Salvador do Sul até o distrito de São Valentim, e a conclusão de 45 quilômetros entre Lagoa Vermelha e André da Rocha.

Segundo o documento, essas melhorias são de fundamental importância para facilitar o escoamento da produção e facilitar o tráfego e deslocamento entre a região e a Capital.