PLANEJAMENTO

Reuniões marcam início da implementação do Plano Municipal de Redução de Riscos em Bento Gonçalves

Projeto mapeia áreas de risco e visa proteger moradores de deslizamentos e inundações. Encontros ocorreram nesta quinta-feira (24)

Reuniões marcam início da implementação do Plano Municipal de Redução de Riscos em Bento Gonçalves
Foto: Rodrigo De Marco/Divulgação

Bento Gonçalves foi um dos 10 municípios brasileiros selecionados para a implementação do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), uma iniciativa do governo federal que pretende identificar áreas urbanas e rurais vulneráveis a deslizamentos e inundações.

O projeto surge como resposta aos graves desastres ocorridos em maio, quando a cidade enfrentou deslizamentos massivos que resultaram em mortes e bloqueios de estradas, afetando centenas de famílias. O plano visa não apenas mapear os riscos, mas também desenvolver estratégias para evitar novos desastres e oferecer maior segurança à população.

Reunião marca início do projeto

Na quinta-feira (24), representantes do Ministério das Cidades (MCID), do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e de diversas secretarias municipais se reuniram no Complexo Administrativo de Bento Gonçalves para discutir os próximos passos da implementação do PMRR. O encontro contou com a presença de autoridades locais, como o secretário de Segurança Paulo César de Carvalho e o secretário de Governo Márcio Possamai.

Durante a reunião, o geólogo Lucas Barbosa apresentou um panorama da situação enfrentada pelo município. Em maio, Bento Gonçalves registrou 284 deslizamentos, resultando no bloqueio de 84 estradas e na evacuação de mais de mil pessoas. O saldo trágico incluiu 14 mortes, das quais quatro vítimas continuam desaparecidas.

“Somente na primeira semana de maio, foram 600 mm de chuva”, destacou Barbosa.

O PMRR será executado por etapas, e o foco inicial será o mapeamento das áreas de maior risco.

“Vamos cartografar as casas em situação de risco de deslizamento e enchente, propondo intervenções específicas para cada local”, explicou Tiago Antonelli, chefe de geologia aplicada do SGB.

Ele reforçou que o trabalho será gradual, com previsão de conclusão até o final de 2025, e será fundamental para subsidiar ações estruturais e futuras obras de contenção.

Envolvimento da comunidade

Além das reuniões técnicas, o projeto também envolve um diálogo direto com as comunidades locais. Ainda na quinta-feira, uma reunião com moradores de bairros como Municipal e Eucaliptos contou com a presença de pesquisadores e representantes do MCID. A ideia é envolver os moradores no processo de mapeamento das áreas de risco, aproveitando o conhecimento local para identificar potenciais problemas.

Denilson de Jesus, engenheiro cartógrafo, destacou a importância dessa colaboração:

“As comunidades conhecem seus territórios como ninguém, e precisamos dessa experiência para fazer um levantamento mais preciso e detalhado”.

Para os moradores, como Nestor Nunes, do bairro Municipal, o projeto representa uma oportunidade de prevenir novos desastres:

“Já tivemos problemas no bairro, e agora vamos poder ajudar as equipes a identificar os riscos antes que seja tarde demais”.

Zico Soares, morador do bairro Eucaliptos, também elogiou a iniciativa:

“É muito importante termos geólogos estudando nossa região. São várias famílias em risco, e precisamos garantir que as áreas críticas sejam tratadas com a seriedade que merecem”.

Próximos passos

Além do mapeamento e das ações de contenção, o projeto prevê atividades educativas. Nesta sexta-feira (25), equipes do PMRR visitaram escolas para conscientizar estudantes e professores sobre a importância da prevenção de desastres naturais.

A partir da próxima semana, as equipes iniciarão o trabalho de campo, visitando casas e ruas nas áreas mapeadas como de maior risco. O secretário de Governo, Márcio Possamai, reforçou que o PMRR será uma ferramenta valiosa para a prevenção de desastres futuros:

“Esse plano nos dá condições de agir rapidamente em situações de emergência, mas também de planejar a longo prazo. É uma segurança tanto para a administração quanto para a população”, afirmou.