Memorial em homenagem a Ernesto Geisel
Memorial em homenagem a Ernesto Geisel | Foto: Hélio Alexandre / Haos BG / Divulgação

O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, divulgou um vídeo nas redes sociais em que defende a manutenção do Memorial Ernesto Geisel, instalado na biblioteca da UCS Carvi. A manifestação ocorreu após o Ministério Público Federal (MPF) recomendar o encerramento da homenagem ao ex-presidente, que governou o país entre 1974 e 1979.

No vídeo, Siqueira afirma que o memorial valoriza a história local e destaca que Geisel é o único bento-gonçalvense a ocupar a Presidência da República. Ele diz que a homenagem reconhece a contribuição do general para o “processo de transição democrática” e reforça que não defende a “idolatria de feitos errados”, mas critica qualquer tentativa de apagar a trajetória do ex-presidente.

O prefeito também cita ações do governo Geisel, como o Pró-Álcool e a expansão de barragens e hidrelétricas, classificando-as como pautas que podem ser consideradas progressistas. Ele afirma que tem o dever de preservar a memória de figuras importantes para o município e que fará o possível para manter o memorial.

“Precisamos aprender com os erros e acertos daquela época”, destacou.

Confira o vídeo:

Recomendação do MPF

A Recomendação nº 140/2025, enviada pelos procuradores Enrico Rodrigues de Freitas e Fabiano de Moraes ao reitor da UCS, Gelson Leonardo Rech, pede o encerramento imediato do memorial. O MPF sustenta que a homenagem viola princípios constitucionais por exaltar um presidente do regime civil-militar responsável por graves violações de direitos humanos.

O órgão cita o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que aponta perseguições, torturas, assassinatos e desaparecimentos durante o governo Geisel, incluindo as mortes de Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho no DOI-CODI. Para os procuradores, qualquer honraria ao general afronta o Estado Democrático de Direito e atinge diretamente vítimas, sobreviventes e familiares.

Na recomendação, o MPF determina que a universidade desative o memorial, evite reinaugurações ou eventos relacionados e não mantenha homenagens a agentes envolvidos em violações de direitos humanos. A instituição tem cinco dias para informar as medidas adotadas. O órgão também alerta que a manutenção do espaço pode configurar dano coletivo e levar a novas ações judiciais.