Parceria entre Museu do Imigrante e UCS amplia inventário histórico de Faria Lemos, em Bento Gonçalves

O Museu do Imigrante e a Universidade de Caxias do Sul (UCS) firmaram uma parceria para atualizar e expandir o inventário de Faria Lemos, concentrado na área da sede do distrito de Bento Gonçalves. O objetivo é promover a conscientização sobre a preservação do patrimônio histórico, tanto material quanto imaterial. A iniciativa resultou no projeto “Oficina para as Sensibilidades – Práticas arquitetônicas e saberes comunitários na preservação de bens culturais edificados”.

O projeto oferece 20 vagas gratuitas para profissionais de Arquitetura e para a comunidade em geral, além de três bolsas de R$ 500 para alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCS. As atividades ocorrerão no Museu do Imigrante, na UCS e em Faria Lemos, onde os participantes realizarão levantamentos arquitetônicos para compor a ficha de inventário do Museu do Imigrante. Essa ficha inclui informações detalhadas de cada bem histórico, como fotos, descrição arquitetônica, localização e histórico.

Os participantes terão acesso a teoria e prática sobre como coletar informações necessárias para a compreensão do processo histórico, em um diálogo entre o passado e as transformações contemporâneas que mantêm aspectos da herança rural do distrito. Segundo a museóloga Deise Formolo, o foco das oficinas é trabalhar a preservação de Faria Lemos em conjunto com a comunidade.

“A gente tem, dentro do inventário municipal, o distrito com várias edificações identificadas com fichas. Pegamos essa lista e escolhemos aquelas que não tinham informações, que não estão dentro do inventário municipal. A pesquisa vai ser concentrada Faria Lemos sede, com foco, também, na preservação da paisagem, e isso integra a questão do patrimônio imaterial de como se realiza, por exemplo, a cultura das videiras”, explica.

A arquiteta Cristiane Bertocco destaca que a região, colonizada em 1877, preserva construções que refletem a imigração italiana no Rio Grande do Sul, com exemplares arquitetônicos que vão do apogeu, até 1930, à modernidade.

“A maioria das edificações que temos em Faria Lemos tem características arquitetônicas da imigração italiana no Rio Grande do Sul, no final do século XIX até aproximadamente em 1960. Temos exemplares que chamamos de arquitetura de apogeu, até 1930, com edificações feitas em pedra, tijolos feitos à mão, janelas de madeira inteira. No período tardio, já aparecem o reboco e janelas com vidro. Ainda, temos a arquitetura moderna, que apresentam ziguaretes, com simplificação”, explica.