Bento Gonçalves - Moradores da região de Faria Lemos, no interior de Bento Gonçalves, voltaram às ruas nesta quinta-feira (17) para protestar na Linha Alcântara. A manifestação, iniciada às 8h30, exige o início imediato das obras de reconstrução da ponte de Santa Bárbara — que desabou em 2023 e segue sem qualquer intervenção — além de melhorias urgentes nos trechos mais críticos da ERS-431.
Esta não é a primeira mobilização da comunidade, que tem se organizado diante da falta de respostas do poder público. Ao longo do dia, está previsto o bloqueio intermitente da estrada, com liberação em intervalos de 15 a 20 minutos para passagem de veículos.
Entre os líderes do protesto está Alexandro Giuriati, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG). Segundo ele, os moradores seguem ignorados:
“Infelizmente a gente não teve nenhum retorno das autoridades. A gente tem dois pedidos na pauta, que é a manutenção da ERS-431, que está abandonada, e a reconstrução da Ponte de Santa Bárbara.”
Ele reforça que, se nada for feito, os protestos devem continuar:
“A gente está se mobilizando. Se não houver uma resposta das autoridades, com certeza vamos continuar com essas manifestações pacíficas. A gente está aqui com faixas, com panfletos, mostrando para a população que é um pedido muito importante para toda a sociedade, porque infelizmente não tem mais condições de trafegar na 431.”
A balsa instalada como solução emergencial após a queda da ponte também é alvo de críticas. Giuriati relata longas esperas e dificuldades no transporte:
“A empresa que está fazendo esse trabalho da cruzada com a balsa, eles tinham uma maior, infelizmente na última enchente foi levada e hoje eles estão com uma menor. Tem dias que o pessoal espera 2 horas e meia ou até mais na fila. Então, cadê o nosso direito de ir e vir? A gente tinha passagem, tinha ponte, não se cobrava nada, a gente passava livre. E hoje se tu quer atravessar para o outro município, tem que pagar e enfrentar a fila.”
Situação do projeto da ponte
A obra está a cargo da Vereda Engenharia, empresa de Belo Horizonte vencedora da licitação. Conforme a Secretaria de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul (Selt), a contratada tem até o fim de abril para iniciar os trabalhos. A entrega, antes prevista para o segundo semestre de 2025, foi adiada para fevereiro de 2026.
Em fevereiro, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) notificou a empresa por atraso na entrega da documentação. Após o envio, técnicos do Daer apontaram necessidade de complementações em dois pontos antes da liberação definitiva do início das obras.
O investimento total é de R$ 31.377.667,00, com R$ 24,49 milhões provenientes do governo federal e R$ 6,89 milhões do governo estadual. Enquanto isso, os moradores seguem enfrentando dificuldades diárias de deslocamento e cobram medidas concretas para garantir o direito de ir e vir.