DESAFIO

Evento de inovação da NASA em Bento Gonçalves premia vencedores

Iniciativa realizada na Serra Gaúcha mobilizou mais de 40 participantes. Eles criaram soluções para desafios da exploração espacial

Programação mobilizou mais de 40 participantes nos dias 5 e 6 de outubro.
Programação mobilizou mais de 40 participantes nos dias 5 e 6 de outubro. | Foto: CIC-BG/Divulgação

Nos dias 5 e 6 de outubro, Bento Gonçalves recebeu a etapa local do International Space Apps Challenge, uma iniciativa global da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA). O evento foi realizado pelo Inova Bento em parceria com o Click Espaço de Inovação e reuniu mais de 40 jovens, que participaram de uma imersão voltada à criação de soluções para desafios da exploração espacial.

Durante o desafio, os participantes desenvolveram propostas inovadoras, contando com dados abertos da NASA e suporte de mentores. Fernanda D’Arrigo, coordenadora pelo Inova Bento, destacou a dedicação dos grupos:

“Foi muito gratificante acompanhar a evolução de cada grupo, com a entrega gigante que eles fizeram nesses dois dias. Sem dúvida foi muito enriquecedor para todos”.

Seis grupos apresentaram projetos a uma banca composta por Katherin Missura, Eduardo Breda, Alexandre Tessari e Mozart Longhi, que selecionaram os três vencedores locais. Os trabalhos seguem agora para a etapa global, com finalistas sendo anunciados em 19 de novembro. Além de Bento Gonçalves, Porto Alegre e Caxias do Sul também sediaram o evento no estado, reforçando a região como polo de inovação.

Conheça os vencedores:

O projeto composto por Henrique Molinari Ambrosi, Germano Benini, Bruno Falcade Paese, Júlio César Villa, Eduardo Bigolin e Yuri envolve a visualização da interconexão entre sistemas da Terra, como por exemplo o clima e a conexão dele com o solo. O grupo parte da perspectiva dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU), principalmente o segundo, que fala sobre fome zero e agricultura sustentável – acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Diante de suas pesquisas, que indicaram que cerca de 94% dos micro e pequeno produtores, além daqueles de sub existência, têm acesso a celular e internet, o grupo criou um aplicativo focado para esse público. Com a utilização da câmera, GPS e do barômetro de seu próprio celular, o agricultor vai poder enviar dados colhidos e receber os parâmetros instantaneamente. O serviço funciona para o contexto desse pequeno produtor e não regionalmente ou de maneira generalizada, tornando sua aplicabilidade muito mais específica e personalizada.

“Sabemos que nem todos os lugares têm sinal de internet, então propomos também uma versão offline desse aplicativo, com uma pequena redução de sua usabilidade. Assim que o usuário se conectar, já haverá a transferência e recebimento dos dados. Em locais sem sinal algum, pensamos na instalação de totens com as mesmas funcionalidades”, destaca Bruno.

1º lugar: WOSM Aeroespacial. (Foto: Divulgação)

A temática do grupo APBG, composto por Luca Zattera Chesini, Adriano dos Santos Silva, Leonardo Coser Eggres, Eduardo Alberti Garbin e Mauri Brezolin Lopes, foi PACE na sala de aula. PACE (Plâncton, Aerossol, Ecossistema Nuvem-Oceano) é o nome do satélite da NASA lançado em fevereiro de 2024 que monitora pequenas partículas na atmosfera e nos oceanos da Terra.

Os instrumentos avançados do PACE fornecem novas formas de medir a distribuição de algas microscópicas conhecidas como fitoplâncton perto da superfície do oceano. Essas observações melhoram a compreensão da troca crucial de dióxido de carbono CO2 entre o oceano e a atmosfera. Também ajuda a identificar a extensão e a duração da proliferação de algas nocivas. Ao mesmo tempo, o PACE ajuda a revelar como os aerossóis – partículas microscópicas na atmosfera – e as nuvens controlam a quantidade de energia do Sol que é absorvida pela Terra. E a conexão de ambos, como os aerossóis podem alimentar o crescimento do fitoplâncton na superfície do oceano.

O grupo APBG desenvolveu um jogo educativo para crianças de 8 a 14 anos, abordando alguns ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU) como educação de qualidade e ações globais contra a mudança climática, com o intuito de gerar curiosidade nos usuários e, consequentemente, a conscientização sobre esses temas.

“O jogo começa com locais sujos e conforme a criança vai adicionando ou eliminando elementos, vai avançando de fase e limpando o ambiente. Queremos mostrar porque a vida marinha é tão importante para a manutenção da vida na Terra, porque satélites são tão interessantes e qual a relação disso tudo com o espaço. Também buscamos simplificar todo tipo de conhecimento e dizer que jogos são muito mais que apenas entretenimento”, comenta Adriano dos Santos Silva, integrante do grupo.

2º lugar: APBG. (Foto: Divulgação)

Composto por Alan Fantin, Ricardo Cenci Fabris, Matheus Tregnago, Guilherme Gabrielli Fracalossi, Lorenzo Spazzim Menegotto e Ricardo Bregalda, a temática do grupo foi detecção sísmica em todo sistema solar. Os estudantes trouxeram dados mostrando uma estimativa de quanto a NASA gastaria por dia para trazer para a Terra os dados registrados pelos sismógrafos espaciais. O valor é considerado exorbitante, uma vez que demanda um alto custo para transferir esses dados para a Terra para então serem analisados.

A proposta do grupo é proporcionar a possibilidade de analisar esses dados em qualquer planeta rochoso, diminuindo assim os gastos, sem perder a informação, através da eficiência no processamento de dados e do melhor aproveitamento da limitada capacidade de comunicação, evitando o desperdício de transmissão. Segundo Alan Fantin, um dos representantes do Shake it off, o impacto dessa solução é a redução de custos, a possibilidade de análise de dados em diversos outros planetas e o fomento da ciência.

“Isso é implementado através da base de dados da NASA. A partir disso, filtramos os dados para tirar ruídos, utilizamos treinamento de inteligência artificial, que cria o modelo genérico, e validamos o modelo, reduzindo erros de medição e considerando apenas dados válidos”, explica Alan.

3º lugar: Shake it off. (Foto: Divulgação)