O Diagnóstico apontando números dos estragos e sugerindo medidas mitigatórias e preventivas acerca dos deslizamentos ocorridos em maio deste ano foi apresentado na sexta-feira, 22 no auditório da Embrapa. O documento é resultado de levantamento feito por um grupo multidisciplinar envolvendo pesquisadores da Embrapa, Emater, Instituto Federal e Secretaria de Agricultura do Estado, dentro do programa Recupera Rural RS e agora será submetido a entidades como Ibravin, Aprovale, Sindicatos Rurais e Cooperativas para receber sugestões e ser subscrito pelas mesmas. O Prazo para tanto é 15 de janeiro. Somente depois, será entregue ao Governo do Estado para que providências sugeridas possam ser implementadas.
O levantamento apontou para 300 hectares de parreiras e outras culturas atingidas com risco para outros nove mil hectares em eventos futuros. Esta área equivale a 27% dos 33,5 mil hectares produtivos da região da serra composta por 19 municípios. Naquele período, a precipitação de chuva na região foi de 700 milímetros entre os dias 26 de abril e 05 de maio. As chuvas totais do período chuvoso foram de 1.100mm ou 65% do esperado para todo o ano.
O trabalho constata problemas e aponta soluções. Tipos de solo e formações geológicas que ainda podem apresentar novos deslizamentos; intervenções no solo como abertura de estradas em locais impróprios, o que pode ter causado a instabilidade; plantação em áreas de convergência (onde normalmente as chuvas escoam); casas localizadas em locais de risco. Apontam ainda problemas como pontes que não foram recuperadas em locais mais isolados; dificuldade de acesso e muita burocracia para a concessão de crédito; pouco pessoal técnico na extensão rural e até um plano diretor com olhar mais zeloso para o interior;
O grupo de trabalho que realizou o estudo integra a Plataforma Colaborativa Sul instituído em janeiro para se debruçar sobre alterações climáticas. Além dos temporais do segundo semestre do ano passado o estado do Rio Grande Do Sul vinha de três anos consecutivos e severas secas.
Mudança climática em curso
O chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos coordenou o trabalho e fez a apresentação. Ele participou na tarde desta quarta-feira, 27, do Sem Nome, na radio Bento 1070 e lembrou que a estimativa mais pessimista para elevação das temperaturas no planeta projetadas para 2050 – elevação de 1,5º C – já ocorreram entre julho de 2023 e agosto de 2024.
Para o pesquisador Henrique um dos desafios que se impõe é a transferência do conhecimento já existente.
“Sabemos onde estão locais perigosos, ou onde é impróprio plantar, então precisamos fazer estas informações chegarem na ponta”
Mas ele também reconhece que existem providências a serem tomadas que cabem a instâncias superiores, daí a necessidade de fazer o documento chegar a lideranças políticas como o Governador Eduardo Leite.