O início da noite desta sexta-feira (11) foi marcado pele celebração do aniversário de 134 anos de emancipação político administrativa, de Bento Gonçalves. Para marcar a data, um cerimonial foi realizado paralelamente à programação da 39ª Feira do Livro, na Via Del Vino.
A festividade contou a participação do Coral da Fundação Casa das Artes, que abriu o evento interpretando o hino bentogonçalvense. O cerimonial ainda incluiu a bênção do Padre João Mazziero, da Paróquia Santo Antônio, e a palavra de fé do pastor José do Amarante.
Representado o Poder Legislativo, o vereador Thiago Fabris lembrou da resiliência da população de Bento Gonçalves depois de um ano de muitas adversidades.
“Bento é para todos. Mais da metade da população é emigrante, e essa junção faz do município um lugar plural. A força do povo e agente pôde ver em sua plenitude durante os trabalhos de voluntariado para salvar mais de 1.000 vidas no desastre climático que assolou o interior. Essa é uma noite para o povo de Bento festejar e se orgulhar”, ressaltou.
Finalizando o evento, o prefeito Diogo Siqueira também fez questão de relembrar a foça e dedicação dos voluntários e exaltou a população de Bento Gonçalves, que faz parte da história.
“Todos nós fazemos parte desses 134 anos, cada um com a sua parte e com suas conquistas. A gente tem que honrar muito toda essa história, cheia de dificuldades, adversidades e muitas conquistas. Somos, hoje, uma das cidades mais importantes do Estado, por força do povo e sua dedicação. Passamos por momentos difíceis, como aquela da empresa terceirizada na questão da safra da uva, depois três eventos climáticos muito complicados, culminando com o desastre do mês de maio passado. Então, isso mostra que estamos todos juntos e prol de algo maior, em prol da nossa Bento Gonçalves”, exaltou Siqueira.
Após os pronunciamentos houve show da banda Trebbiano, com um um momento de união e celebração com a comunidade presente.
Bento Gonçalves: de colônia a potência turística e econômica
A imigração italiana na Encosta Superior do Nordeste teve início em 1875, trazendo consigo a formação de diversas colônias, entre elas a Colônia Dona Isabel, que corresponde ao que hoje conhecemos como Bento Gonçalves. Esta colônia, criada em 1870, era previamente conhecida como Região da Cruzinha, devido a uma cruz simples que marcava a sepultura de um provável tropeiro. Naquela época, entretanto, a economia local se baseava no escambo, onde mercadorias eram trocadas. Dona Isabel já contava com um pequeno comércio que servia como ponto de parada para os tropeiros.
Em 24 de dezembro de 1875, a chegada de novos imigrantes deu um impulso significativo ao desenvolvimento da região. Em março de 1876, o Presidente do Estado, José Antonio de Azevedo Castro, anunciou a demarcação de 348 lotes e a presença de 790 moradores. A grande maioria, 729 pessoas, eram de origem italiana. Além disso, na mesma época imigrantes do Tirol austríaco e do Vêneto começaram a se estabelecer na área que hoje abriga a Igreja Matriz Cristo Rei, contribuindo para a diversificação cultural e populacional da colônia.
Finalmente, o processo de autonomia da Colônia Dona Isabel foi concretizado em 11 de outubro de 1890, quando o município foi oficialmente desmembrado de Montenegro através do ‘Acto’ 474, assinado por Cândido Costa. Dessa forma, o novo município recebeu o nome de Bento Gonçalves em homenagem ao general Bento Gonçalves da Silva, um importante líder da Revolução Farroupilha, que ocorreu no Rio Grande do Sul entre 1835 e 1845. Essa mudança marcou um passo fundamental na história da região, consolidando a identidade e a cultura que se desenvolveriam ao longo dos anos.