Caxias do Sul

Cansado de esperar pelo Estado, aposentado roça matagal na RSC-453, em Caxias

Belinho Camperão dá exemplo de cidadania e simplicidade para resolver problemas

Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM
Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM

Ele precisou apenas de uma camiseta branca, uma bermuda jeans, um sapato, uma foice e uma boa dose de boa vontade. Ele é aposentado, tem 60 anos de idade e, cansado de esperar por soluções do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, decidiu, sozinho e sem ganhar nada pelo serviço, roçar o matagal alto na RSC-453, entre Caxias do Sul e Farroupilha. Ele é Belinho Camperão, morador do bairro Desvio Rizzo e que pensa que uma sociedade melhor para todos depende do esforço de cada cidadão.

Desde terça-feira (18), o aposentado sai de casa logo cedo e vai para a rodovia. Praticamente escondido no meio do mato com seus 1,68cm de altura, Camperão vai de manobra em manobra com a foice, descomplicando a vida dos motoristas que precisam utilizar os retornos perigosos do km 1 da estrada. Voluntário há anos, o “político sem gabinete” sempre se coloca à disposição da sociedade para realizar benfeitorias, ou aliviar os problemas não reparados pelos governos, seja estadual, municipal ou federal.

O abandono do Estado e das autarquias às estradas da Serra Gaúcha, leva indignação à língua de Belinho. Mesmo irritado com toda essa situação, o aposentado soube se erguer do conforto de casa para ir ao meio do tráfego intenso de veículos fazer o que o governo deveria fazer.

“O Estado tem nos abandonado, as duas empresas, Dnit e Daer também, as estradas estão abandonadas, o Rio Grande do Sul está abandonado. Cada um tem que contribuir um pouco. Vamos pegar um carrinho de mão, umas pás, umas enxadas… Eu já fiz vídeo oferecendo pro governo que eu tinha tudo para emprestar para eles”, diz Belinho.

Camperão relata ter cansado de esperar por soluções.

“Eu cansei mesmo. Vários acidentes. Pessoas morrendo. Um motoqueiro não consegue enxergar o carro do outro lado. É uma vergonha o que o estado faz com nós”, reforça.

O aposentado relata que, inclusive nos vídeos que produz esporadicamente, foi até xingado por fazer o serviço de outros. Porém, ele não se importa com rótulos e segue trabalhando para uma sociedade melhor.

“Eu conheço maquinário que pode fazer. O que precisa de 100 pessoas pra um dia, uma máquina faz em uma hora. É um descaso. Eu acho que teria que fazer uma parceria e cobrar mais dos governos. As vezes as pessoas me xingam, mas eu sou aposentado e não dependo do governo pra viver”.

O que diz o Daer
De acordo com o Daer, nos próximos dias, será dada ordem de serviços para que uma empresa execute a roçada nas rodovias da Serra, entre elas a ERS-122 e RSC-453. Não foi repassado prazo para início dos trabalhos.

Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM
Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM
Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM
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Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM
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