No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre transtornos mentais em indivíduos com altas habilidades cognitivas
Um estudo recente trouxe uma faceta inédita sobre a prevalência do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) entre adultos superdotados. O artigo, publicado pela Open Minds International Journal representa mais uma das numerosas contribuições científicas de Abreu, cuja trajetória inovadora o levou a ser indicado à prestigiada sociedade científica Sigma Xi — composta por mais de 200 laureados com o Prêmio Nobel.
O diferencial deste trabalho reside no aporte do projeto que conta com mais de 500 participantes superdotados em sua base. Essa amostra, inédita em número e profundidade de perfis, permitiu a observação de padrões psicológicos e neurobiológicos específicos em pessoas com quociente intelectual muito acima da média.
Segundo a pesquisa, o alto QI não protege o indivíduo de certas vulnerabilidades psíquicas. Ao contrário, parece haver uma correlação positiva entre superdotação e o desenvolvimento de comportamentos obsessivo-compulsivos. Essa constatação desafia o paradigma clínico convencional, que historicamente subestima a complexidade emocional e comportamental dos indivíduos cognitivamente mais dotados.
A análise empírica foi baseada em estudos de caso, entrevistas clínicas e instrumentos validados internacionalmente. A equipe identificou uma frequência acima da média de sintomas obsessivo-compulsivos, especialmente do tipo “verificador” e “perfeccionista”, em adultos superdotados. Tais comportamentos estariam vinculados à hiperatividade do eixo cortico-estriatal-tálamo-cortical, frequentemente descrito na literatura sobre TOC, e potencializados por características associadas à alta inteligência, como hiperfoco, necessidade de controle e hiperestímulo cognitivo.
Para os especialistas, o estudo é apenas o início de uma reconfiguração necessária na psicopatologia da alta inteligência. Ele afirma que “transtornos em superdotados devem ser compreendidos a partir de um modelo que integre neurogenética, neurodesenvolvimento e variáveis sociais. Tratar o QI elevado como fator de proteção psicológica é uma simplificação equivocada que compromete diagnósticos precoces e intervenções adequadas”.