No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre o risco de ansiedade em bebês.
Crescer pisando na grama. Esse hábito cada vez mais negligenciado, talvez seja o segredo para a saúde mental das crianças. É o que revela estudo recente publicado na prestigiada revista inglesa BMC Psychiatry, pelos pesquisadores do Departamento de Psicologia Clínica do Hospital de Saúde Maternal e Infantil. Foram analisadas quase 70 mil crianças em idade pré-escolar – de 0 a 3 anos – moradoras do distrito urbano de Longhua, em Shenzhen, na China. Os cientistas identificaram uma ligação clara entre a frequência e a duração das atividades ao ar livre na primeira infância e a redução dos sintomas de ansiedade.
O estudo traz dados alarmantes: crianças com exposição mínima a ambientes externos têm risco triplicado de desenvolver sintomas ansiosos em idade pré-escolar, destaca o médico psiquiatra Rodolfo Damiano, professor da USP, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, autor de Você Pode Amar e Ser Feliz, dentre outros livros.
Os dados mostram que o tempo fora de casa aumenta a estimulação sensorial, a atividade física e o vínculo emocional. Os resultados são contundentes: bebês de 0 a 1 ano que participam de atividades ao ar livre menos de uma vez por semana apresentam risco 2,55 vezes maior de desenvolver sintomas de ansiedade na idade pré-escolar, comparados àqueles que têm atividades externas pelo menos sete vezes por semana.
Já é consenso que o contato com a natureza está intimamente ligado à saúde. Diversos estudos mostram que a exposição regular à natureza é associada a um aumento na atividade das células do nosso sistema imunológico. Esse contato reduz os níveis de cortisol, regula a frequência cardíaca e diminui a pressão arterial, além de oxigenar o cérebro e os pulmões. Mas esta é a primeira vez que um estudo mostra a relação direta da natureza com a saúde mental entre bebês e crianças em seus primeiros anos de vida.
No caso de adolescentes, o quadro psicopatológico é agravado pela imersão digital, com o uso de smartphones, computadores e acesso a plataformas online como Discord e outras redes sociais. O cérebro adolescente encontra-se em fase crítica de maturação, o que os torna particularmente vulneráveis a mecanismos de recompensa social imediata, capacidade reduzida de avaliação de riscos em contextos de alta carga emocional e, sobretudo, busca por aceitação e pertencimento social.
O estudo chinês, inédito pela abrangência da mostra e pela faixa etária, revela como a primeira infância é um período crítico, pois promove o desenvolvimento de circuitos neurais que governam a resposta ao estresse durante toda a fase da vida. Agora, pais e educadores, além das preocupações com a restrição de celulares e uso de telas, precisam incluir como dica de saúde mais brincadeiras ao ar livre aos pequenos. Afinal, natureza é saúde.