Viva com Saúde – 09/10/2024 – Ser grato e perdoar pode reduzir hipertensão

Foto: Freepik
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No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre hábitos que podem reduzir a hipertensão.

Cultivar o otimismo, o perdão e a gratidão pode reduzir a hipertensão. É o que diz o estudo Feel apresentado no Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Brasília, em setembro. A pesquisa avaliou o estímulo a sentimentos como perdão, gratidão, otimismo e propósito de vida, e qual a influência da intervenção na pressão arterial e na função endotelial.

O estudo analisou cem hipertensos, todos do Ambulatório da Unidade de Hipertensão da UFG (Universidade Federal de Goiás). No início, todos passaram por uma consulta médica. Hábitos de vida, uso de medicamentos, pressão arterial e dilatação mediada pelo fluxo foram avaliados. Os participantes também monitoraram a pressão por cinco dias no início e no final do estudo. Aqueles que apresentaram alterações de medicação durante o processo foram excluídos.

Durante 12 semanas, o grupo experimental recebeu mensagens diárias curtas e vídeos por Whatsapp para cultivar a espiritualidade —sem vínculo religioso. Foram incentivados a escrever mensagens de gratidão e a refletir sobre os quatro sentimentos.

Segundo a cardiologista Maria Emília Figueiredo Teixeira, autora principal do estudo, o resultado mostrou melhora da pressão arterial sistólica de consultório (a máxima), de 7.6 milímetros de mercúrio, da pressão sistólica central (aórtica)—a medida na aorta—, e da dilatação fluxo-mediada da artéria braquial, que é uma avaliação do endotélio (camada interna dos vasos sanguíneos).

A metodologia do trabalho foi publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, mas os resultados ainda não. É um estudo piloto, ainda inicial, que começa a nos ensinar como pesquisar esse tema. Acho que todos nós acreditamos no benefício desses bons sentimentos, mas precisamos comprovar. E para comprovar vamos precisar de estudos maiores. A próxima etapa é um estudo de base nacional já em planejamento, para que a espiritualidade possa ser incorporada na prática clínica.

Neste contexto, espiritualidade não significa religião, religiosidade ou misticismo. Deve ser entendida como um conjunto de valores morais, emocionais e mentais que norteiam o pensamento, como agimos e como reagimos às circunstâncias de vida, só que passível de mensuração.

Estudos semelhantes já foram feitos em alguns países. Para citar alguns exemplos, em 2015, no Japão, um grupo de pesquisadores avaliou a relação entre religiosidade e doença cardiovascular. O trabalho mostrou que religiosos eram mais propensos a ter hábitos de saúde favoráveis, bem como um melhor perfil metabólico cardiovascular. A religiosidade também foi menos associada ao diabetes.

Em outra pesquisa, realizada em 2020 e 2021 na Colômbia, em Hong Kong, na Indonésia, na África do Sul e na Ucrânia, comprovou que perdoar diminui os sintomas de ansiedade e depressão, e melhora a saúde mental.