Viva com Saúde – 06/01/2025 – Glicemia e o risco cognitivo

Foto: Freepik
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No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre como as mulheres com glicemia não controlada têm maior risco de declínio cognitivo do que homens.

Ao comparar os dados de quase 4.000 pessoas, pesquisadores identificaram que mulheres são mais suscetíveis do que homens a ter declínio cognitivo mais acelerado quando a glicemia não é controlada.

No trabalho, curiosamente não foi identificada perda de memória entre os problemas cognitivos, mas sobretudo prejuízos nas chamadas funções executivas –processos cognitivos que envolvem o controle de emoções, o planejamento e a realização de ações e pensamentos.

O declínio cognitivo pode ocorrer com o envelhecimento, como resultado de alterações no sistema nervoso central. Mas o que vimos no estudo é que ele se deu de forma mais acelerada em mulheres com diabetes e sem o controle adequado da glicemia. Entre os homens, não foi observada associação entre diabetes e declínio cognitivo, seja com glicemia controlada ou não. Isso mostra a importância de aprofundar o entendimento sobre como as doenças se dão de diferentes maneiras entre homens e mulheres e também, no caso do diabetes, sobre a importância do controle glicêmico adequado”, diz Tiago da Silva Alexandre, professor de gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e orientador do estudo, que foi apoiado pela Fapesp.

O diabetes é uma doença com forte impacto em diferentes órgãos, como os rins, olhos, músculos, nervos e cérebro. Isso porque o excesso de glicose no sangue causa diversas lesões nos vasos sanguíneos, acarretando o aumento de fatores inflamatórios que podem levar a gangrena, amputação, insuficiência renal, comprometimento da visão e risco aumentado de doenças cardiovasculares.

O declínio cognitivo nesses casos, portanto, está associado à doença de pequenos vasos cerebrais. Uma possível explicação para a aceleração observada apenas em mulheres sem controle glicêmico adequado são fatores hormonais. O estrógeno é um neuroprotetor conhecido, mas durante a menopausa ocorre uma redução desse hormônio nas mulheres, o que pode acarretar maior vulnerabilidade, explica Soares.

O estudo populacional foi realizado com pessoas idosas britânicas, mas acredito que no Brasil os dados poderiam ser um pouco piores do que o observado no Reino Unido por causa da questão da escolaridade. A média de escolaridade das pessoas idosas no Brasil é muito mais baixa que no Reino Unido e isso faz com que a reserva cognitiva, que seria um efeito protetor contra as lesões vasculares no cérebro, também seja menor”, afirma Alexandre à Agência Fapesp.