Memória LEOUVE

Não bagunce o que eu acabei de arrumar

Não bagunce o que eu acabei de arrumar

Tem gente que entra na casa da gente e bagunça tudo.

Chega de supetão, sem ser convidado.

Senta no melhor lugar da mesa, se delicia com o banquete que ofertamos, tira tudo do lugar e quando cansa vira as costas e vai embora.

Lembro-me de uma sexta-feira à noite, eu era muito pequena e dois vizinhos adentraram minha casa, meu quarto.

Abriram meus armários, deixaram amostra meus brinquedos, roupas, tudo aquilo que eu guardava com tanto carinho e cuidava com o maior zelo.

Foi tão rápido, intenso e divertido que eu nem percebi a bagunça que estavam fazendo.

Ao enjoar da brincadeira fugiram, sem cerimônias, bem diferente de quando chegaram e me seduziram para adentrar no meu mundo.

E lá estava eu. Sozinha, cansada, desolada, me sentindo enganada e com toda aquela balbúrdia para arrumar.

Quando meu pai chegou em casa, já tarde, ficou perplexo com a desordem que encontrou. As lágrimas corriam em meu rosto, me senti enganada, usada, ingênua.

Ele me consolou e ajudou a guardar cada peça que estava jogada no chão. Depois sentou comigo no canto da cama, pegou em minhas mãos pequenas e me disse que nem sempre estaria ali para me ajudar a arrumar a confusão.

“Filha, não deixe qualquer um entrar no seu espaço. Tem gente que só vem, bagunça tudo e vai embora”.

Pai que falta você faz….