Caxias do Sul foi a cidade do Rio Grande do Sul com a maior quantidade de cicatrizes de movimentos de massa mapeados, totalizando 656, seguida de Veranópolis, com 636 cicatrizes, em decorrência das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul a partir de maio.
A constatação é resultado de um estudo que identificou mais de 16 mil movimentos de massa em solo. O trabalho reuniu uma equipe de 50 pessoas, entre professores, técnicos, alunos e colaboradores externos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A ação deve fornecer subsídios para a elaboração de medidas de prevenção e adaptação na Serra Gaúcha, Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo e Quarta Colônia.
Com base em imagens de satélite de alta resolução e trabalho de campo, o grupo mapeou uma área de cerca de 18 mil km² e identificou 16.862 movimentos de massa, no período entre 4 de maio e 21 de agosto de 2024.
O estudo
O mapeamento concluído pode ser acessado no mapa digital “Webmapa de movimentos de massa para equipes de apoio na situação de calamidade/2024”, sendo que os dados abertos estão disponíveis para download. O Webmapa faz parte do Repositório de informações geográficas para suporte à decisão – Rio Grande do Sul 2024 da UFRGS.
O mapeamento de deslizamentos começou ainda em maio. Com o mapeamento 100% concluído, é possível ter noção do volume real da destruição por deslizamentos. Ao final, foram registradas 15.376 cicatrizes de movimentos de massa e 16.862 pontos de ruptura.
Cicatrizes de movimentos de massa são marcas da movimentação de solo e/ou rochas visíveis no terreno. Já os pontos de ruptura demarcam os pontos iniciais do movimento de massa, que registram o início do rompimento do terreno ao longo de encostas.
“Em número de movimentos de massa, este evento é o maior já registrado no Brasil, uma vez que o último de grandes proporções ocorreu no Rio de Janeiro em 2011 e teve 4.300 cicatrizes de movimentos de massa”, explica Andrades-Filho, coordenador do estudo.
O mapeamento aponta 150 municípios gaúchos atingidos por deslizamentos e mais de 10 mil propriedades atingidas diretamente, além de muitos acessos por estradas comprometidos. De acordo com o professor, os efeitos dos movimentos de massa nas encostas exigem, além da resposta emergencial, medidas de prevenção e adaptação do modo de vida e convivência nessas áreas, que seguirão sendo consideradas de risco.