Opinião

Comparação - o mal do século

Apple and Orange isolted on white
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A velocidade da informação intensificou uma qualidade intrínseca do ser humano, a “comparação”. Sim, somos seres comparativos e necessitamos viver numa situação de analogia com as outras pessoas.

Se num primeiro momento esta característica traz uma provocação evolutiva, concomitantemente também eleva o estresse e a ansiedade, causando depressão.

Apenas um click é suficiente para acessarmos as informações e nos conectarmos com as notícias. Mas até então, as informações comum a todos ou compartilhadas e divididas, não possuem o poder de abalar nossas emoções de forma tão intensa. O que realmente nos incomoda é saber que aquela pessoa que está no mesmo patamar social ou, principalmente, “abaixo” do nosso acha-se mais bem sucedida.

Esta conectividade traz confrontação de vidas. O carro novo do vizinho, a bela casa do colega e até mesmo um sorriso de felicidade já é suficiente para despertar sentimentos negativos.

A partir disso começa uma cobrança interna. Por qual razão eu também não tenho? Será que mereço não ter? Por que não consigo? Sou incompetente? Não sou querido?

Este paralelo existencial entre as pessoas é superficialmente avaliado. As belas fotos da viagem compartilhadas nas redes sociais faz com que examinemos apenas os resultados e não o esforço empreendido para aquela conquista. A potencialização comparativa mina nossa autoestima que nada mais é que uma avaliação subjetiva de si mesmo destas emoções autossignificantes.

Esta avaliação pessoal expressa uma repulsa das conquistas alheias. Uma provocação relacionada com o desenvolvimento do ego, embora não admitido. Segundo Freud este sentimento de “estima de si” refere-se propriamente a autoestima. É, por vezes, um narcisismo onipotente, mas frustrado diante da suposta supremacia dos outros sujeitos.

O merecimento fica posto de lado e, mais que isso, o “benquerer” é abandonado. As recompensas próprias chegam ao nível de ficarem condicionadas ao insucesso alheio. Este fato é poderoso dentro de nós e determinante para afetar nossa psique. Forma-se um falso padrão social de sucesso, ao ponto de desejar a vida do outro. Um grande erro, pois não tomamos em consideração as diferenças individuais.

Elevamos o prestígio público como requisito da felicidade, exteriorizando e desconsiderando que é fator interno de cada pessoa.

Enfim, estabelecesse um conflito com a inveja e o ciúme, padecendo-nos o orgulho em ter que admitirmos a prosperidade daquele que saiu do mesmo meio que nós, estabelecendo um desagrado capaz de ferir profundamente nossa consciência, pois o sentimento sadio é vida para o corpo.