A professora de Língua Portuguesa, Veridiana Brustolin, já perdeu as contas de quantos alunos passaram pelas suas aulas em mais de 20 anos de docência. Na verdade, ela confessou nunca ter feito essa contabilidade. Porém, a conta que ela faz nos últimos meses e a data em que os alunos poderão retornar às salas de aula. “A Escola sem eles são apenas paredes vazias“, diz a professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Cruz, em Nova Milano, em Farroupilha.
Nesta quinta-feira (15), Dia do Professor, Veridiana, que atua como diretora da instituição comenta sobre as dificuldades e sobre a reinvenção que foi necessária para todos os profissionais durante a pandemia da Covid-19, que desde março retirou os alunos da salas de aula. Na cidade, a prefeitura já informou que na rede municipal de ensino, as atividades presenciais retornarão apenas no ano que vem.
A professora explicou que logo que as aulas foram suspensas, a equipe que já tinha grupos de WhatsApp com os pais dos alunos, se mobilizou para o envio de atividades para os pequenos. Porém, com a paralisação se estendendo, foi necessário ampliar os métodos de envio. A preocupação, que era apenas em manter o vínculos com os alunos, passou a ser do aprendizado de fato com a validação das aulas no mês de maio.
Veridina diz que apesar do envio já estar ocorrendo, a adaptação dos professores para o novo momento foi difícil.
“Primeiro nosso acesso a tecnologia é mais limitado. Temos os computadores e acesso à internet e a cursos, mas sabemos que é difícil inovar usando as tecnologias e foi apenas isso que nos sobrou. Aí que veio a dificuldade e o desafio: de se pensar em como fazer. Não queríamos apenas compartilhar uma folha com uma explicação escrita, queríamos gerar aprendizado. E aí aprendemos a usar vídeo, a nos mostrar. E a cada dia nos reinventamos mais com ferramentas e sistemas de gravações diferentes”, disse.
Ela relatou que houve erros de medidas, às vezes com muito e às vezes com poucos conteúdos até que se encontrasse o equilíbrio do envio para que as famílias não ficassem sobrecarregadas, mas que o aprendizado dos alunos não fosse prejudicado.
Hoje ela diz sentir orgulho do seu grupo e de como as aulas estão ocorrendo. Ela diz que as professoras da escola cresceram como profissionais e como pessoa e que isso é refletido na empatia que ela sente da comunidade escolar.
Veridiana comentou sobre a falta que as crianças fazem.
“É uma saudade que chega a doer no coração. Estamos com uma campanha do porque cada um de nós escolheu ser professor. Quando eu fui escrever eu lembrei do motivo da minha escolha. Estar perto das crianças, dos adolescentes, nos faz sentirmos jovens também. A gente fica mais alegre, troca experiências, troca energia. A escola sem eles são paredes vazias, não tem graça. Mais doloroso que aprender novas tecnologias é ficar sem esse contato, sem esse presente que é ter eles na nossa vida”, comentou.
Ela acredita que passada a pandemia os professores serão mais valorizados e respeitados. A professora comentou que na Santa Cruz os pais sempre foram muito presentes na vida escolar de seus filhos, mas que ela percebe que, principalmente em redes sociais, há um descontentamento de algumas famílias com os professores com alegações de que eles não estariam trabalhando, o que não é verdade, já que as aulas, mesmo on-line, seguem ocorrendo.
Ela finaliza dizendo que, por mais que a frase possa parecer clichê, o mundo só vai mudar através da educação. Para ela, são as crianças e os adolescentes que irão transformar o mundo em um lugar melhor. Veridiana acredita que o professor precisa ser mais respeitado e reconhecido pelo seu papel junto à sociedade.