Brasil

Delação de Palocci pode inviabilizar Lula e ampliar Lava-jato

Delação de Palocci pode inviabilizar Lula e ampliar Lava-jato


Palocci teria definido delação depois que depoimento de marqueteiros foram divulgados (Foto: arquivo)

A saída do advogado José Roberto Batochio da defesa do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, confirmada na sexta-feira, dia 12, deverá antecipar um acordo de delação premiada com a Justiça. Os fatos estão associados porque Batochio já declarou diversas vezes que é contra às delações premiadas “por princípio”, principalmente de pessoas que estão presas. É o caso do ex-ministro, preso preventivamente em Curitiba desde setembro do ano passado.

Em nota, o advogado confirma que seu afastamento foi definido “em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados profissionais”.

A decisão de Palocci de negociar um acordo de delação premiada ganhou força depois da divulgação do conteúdo dos depoimentos do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, que afirmaram que o então ministro era o responsável pelo pagamento de recursos não declarados durante as campanhas do PT à Presidência.

Diante das suspeitas que pesam contra Palocci, que, ao contrário do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso por supostamente operar o esquema de caixa 2 do PT, é acusado de enriquecimento pessoal, a defesa de Lula acredita que o ex-ministro quer preservar seu patrimônio, em grande parte acumulado no período dos governos do partido.

Recentemente, o juiz Sérgio Moro ressaltou haver indícios de que o ex-ministro movimentou cerca de R$ 150 milhões em um conta do PT junto ao chamado departamento de propina da empreiteira Odebrecht.

A delação de Palocci pode causar um grande estrago na defesa do ex-presidente devido ao amplo acesso que Palocci tinha a Lula. O temor dos petistas é que a delação possa até mesmo inviabilizar a candidatura do ex-presidente à presidência em 2018. As suspeitas ganham força porque Palocci, e depois Guido Mantega, teriam sido encarregados de gerenciar o caixa 2 do PT justamente para preservar Lula.

O certo é que a delação de Palocci poderá ampliar muito a abrangência da Lava Jato, incluindo setores do empresariado nacional com quem o ex-ministro tinha grande proximidade e que até então passaram ilesos pelas investigações de Curitiba, como o setor financeiro e o das comunicações.