Depois de dois anos a gripe me pegou e precisei ir ao médico. Boas notícias. Não precisei enfrentar fila no meu postinho (talvez mais sorte do que um sistema eficiente, é preciso admitir, porque não aceito esta coisa de enfrentar fila pra pegar ficha). Pois bem, depois de uma hora e meia de espera atenuada pela distração das redes sociais no celular fui atendido. Bem atendido. Em apenas cinco minutos o médico fez a receita de antibiótico que espero resolva meu problema.
Aí chego no trabalho e falo com um colega que não via há dois dias. Estava com familiar enfermo que necessitava de cuidados. Portanto, noites em claro e cuidados intensivos. Só estava passando no trabalho mas já voltaria aos cuidados com o parente.
Nestas horas o ânimo se aplaca. Faltam forças, motivação e só há um desejo: encontrar uma boa resposta da medicina para que estejamos restaurados. Sem saúde fica difícil tocar a vida eu já não está fácil pra ninguém.
Aí lembro dos caxienses. Estão nesta luta do rochedo contra o mar, feito mariscos, relegados à própria sorte. Médicos em greve, uma municipalidade e um sindicato que não parecem ter disposição à negociação. E uma Tribunal do Trabalho que numa hora destas parece ausente, inoperante.
São horas e dias de espera em postinhos, desconsolo, abandono e uma falta de perspectiva indecente. É preciso que, de uma vez por todas se busque uma saída de transição. Que se estipule algo entre o almejado pelos médicos e acima do mínimo que a prefeitura deseja pagar. O prefeito Guerra não precisa cumprir sua promessa de controlar os médicos no primeiro ano. Isto não se faz num passe de mágica. É preciso mudar hábitos, avançar e conceder, não há desonra em dar um passo atrás, sobretudo quando o bem da coletividade está em jogo.
Tanto a categoria médica quer avanços na sua valorização, quanto a municipalidade pretende oferecer serviços melhores. A chave é a busca de contrapartidas justas. Não há saída se ambos não reconhecerem a legitimidade do que o outro almeja. Nesta batalha não haverá vencedor incondicional. Porém, neste momento, todos perdem: prefeitura, médicos, sindicato e, principalmente, o cidadão desatendido.