Eu preciso confessar a vocês que eu fiquei mesmo um pouco incomodado e com uma sensação no mínimo estranha sobre essa megaoperação que as policias de Caxias do Sul fizeram no início da manhã de ontem no conjunto habitacional dos Campos da Serra.
A verdade é que eu fiquei com a nítida sensação de que ligaram uma usina pra acender um mísero palito de fósforos.
Anunciada com estardalhaço, como se fosse a maior operação contra o tráfico de drogas na cidade, a operação não passou disso: um estardalhaço que gerou muito barulho com um resultado pífio.
Porque todo aquele aparato policial, quase 300 homens envolvidos, viaturas deslocadas, equipamentos e armas de grosso calibre, 40 mandados a serem cumpridos, a imprensa chamada com pompa e circunstância pra acompanhar tudo ao vivo e em cores, e o anúncio de que aquela era a maior operação de segurança já realizada na cidade prometia algo grandioso.
Mas qual foi o resultado disso?
Nenhum. Nada foi encontrado, nada foi apreendido, apenas uma pessoa foi presa, e em condições que ainda precisam ser melhor esclarecidas.
O certo é que a operação causou apenas o barulho dos pneus das viaturas cantando nas ruas estreitas do bairro, porque suspeitos, drogas ou armas não foram localizados.
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Eu confesso que achei estranho, porque, sei lá, eu posso até estar enganado, afinal não sou especialista em segurança pública, mas eu acho que o tamanho e o sucesso de uma operação policial deve ser medido pelos seus resultados, e não pelo tamanho da força envolvida.
E, se for assim, alguma coisa definitivamente saiu errada ontem.
Porque o único resultado aparente foi uma demonstração de força desnecessária, um planejamento sem resultado, um desperdício de esforço, de tempo e de dinheiro, e o que é muito pior, um enorme constrangimento pras pessoas de bem que moram lá.
A verdade é que o Campos da Serra, assim como outros locais da cidade, sofre com uma insegurança que se mostra no dia a dia, e que, por isso, precisa da presença constante de policiais. Ali, todos os dias, a toda a hora, pra servir e proteger a população, e não uma operação de cinema que serve mais pra produzir imagens de impacto, do que pra resolver o problema e trazer a tão esperada sensação de segurança pros moradores.
Quer saber? Se aquilo foi de cinema, então eu tenho um nome pra esse filme: muito barulho por nada.
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