Memória LEOUVE

Pátria e racismo

Pátria e racismo

A semana da Pátria, que começou ontem e se encerra no domingo quando teremos o desfile cívico, sempre me traz lembranças positivas. Os momentos solenes, o hastear a bandeira e cantar o hino nacional se misturam aos cheiros e temperaturas agradáveis da primavera. Aproveita-se o ensejo pra debater as coisas da pátria e tirando os jogos da seleção brasileira, é o momento em que de fato se pode sentir aquele fervor patriótico – com a vantagem que não há risco de decepção do time da gente tomar uma goleada.


Claro que todos estes sentimentos têm muito a ver com as lembranças da infância, com o aprendizado da escola ou então de atividades como o escotismo ou o serviço militar para quem o prestou.


O patriotismo evoca sentimentos cívicos que se impregnam mais em uns cidadãos do que em outros e é mais ou menos exibido em diferentes nações de acordo com o momento sócio politico e econômico que estes povos atravessam. Em diferentes momentos na história dos povos foi utilizado para a reunificação de uma nação ou para servir de pretexto a uma guerra.


Neste ano de 2014 o Brasil parece estar longe de qualquer ameaça bélica. Vivemos, isto sim um momento de debate político intenso, momento de saber em quem votar e escolher um modelo a seguir pelos próximos quatro anos. Estão aí os debates em rádio e TV; está aí a propaganda eleitoral e as impressões deixadas por todos em redes sociais.


Os candidatos para a renovação dos Congresso e das Assembleias são os mais variados. As propostas apresentadas pelos candidatos vão do da defesa da regulamentação dos carros rebaixados àqueles que pretendem reduzir a carga horária semanal do trabalhador mantendo o salário sem redução, como se isso fosse possível assim, de um canetaço apenas.


Outro assunto que vem chamando a atenção é a questão do racismo dentro dos estádios de futebol. Seria o RS o único lugar do Brasil em que se entoa cânticos racistas? Certamente que não. Já tivemos problemas no interior de São Paulo e devem existir situações semelhantes em todos os recantos do país.
De bom, esta situação envolvendo parte da torcida do Grêmio, pode se extrair que finalmente o futebol contribui para uma discussão sociológica e antropológica. De dentro do enclave tido como reduto de diversão e de companheirismo, mas também de rivalidade, um tema que permeia a sociedade brasileira e que em alguns ambientes é tido como tabu. Poderia se dizer agora que a sociedade está nua, escancaramos o preconceito ainda remanescente e devemos olhá-lo em suas vísceras, dissecá-lo e tentar compreendê-lo para então partirmos em busca da cura. Sim, cura, porque execrar o outro e rebaixá-lo por conta de sua raça, nada mais é do que uma doença. O racismo é uma febre remanescente que precisa ser combatida e erradicada.