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Fecomércio-RS revela impacto da tragédia climática no setor de hospedagem

Sondagem mostra queda acentuada nas receitas e dificuldades na recuperação de hotéis, motéis e pousadas do Rio Grande do Sul

Fecomércio-RS
Foto: Prefeitura de Gramado | Divulgação

A Fecomércio-RS divulgou a Sondagem de Meios de Hospedagem, que destacou o cenário crítico enfrentado por hotéis, motéis e pousadas no Rio Grande do Sul após a tragédia climática que atingiu o estado entre abril e maio de 2024. A pesquisa, realizada entre 11 de junho e 15 de julho com 385 estabelecimentos, revelou que 90,6% das empresas entrevistadas sentiram um impacto negativo significativo, com 35,8% reportando danos diretos e 69,4% identificando perdas indiretas severas.

Antes do desastre, a maioria dos estabelecimentos (65,5%) classificava suas vendas como “boas”. No entanto, o faturamento médio em maio caiu para apenas 53,8% do esperado, e a recuperação tem sido lenta. Até julho, 63,9% das empresas ainda não conseguiam cobrir todas as despesas, com 35,1% delas operando com receitas que cobriam no máximo 50% dos custos.

A pesquisa também destacou a forte dependência do setor no turismo, que foi profundamente afetado pela interrupção do fluxo de visitantes. O fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho foi apontado como o principal obstáculo às vendas, citado por 44,2% dos entrevistados.

Para lidar com a crise, muitas empresas recorreram às suas reservas financeiras (43,1%) e ao capital dos sócios (29,4%). Apenas 7,3% conseguiram novos empréstimos nas linhas emergenciais anunciadas, enquanto 13,2% utilizaram crédito em linhas convencionais. Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS, expressou preocupação com a situação.

“São fluxos de caixa muito pressionados por muito tempo. Mesmo sem estarem na mancha de inundação, muitas empresas foram profundamente impactadas, e sem uma resposta rápida, os efeitos podem ser irreversíveis.”

Embora 62,6% dos entrevistados esperem uma melhora nas vendas no segundo semestre, a recuperação completa ainda parece distante. Apenas 13,2% das empresas já se recuperaram ao nível de ocupação e vendas pré-tragédia, enquanto 31,4% estimam que a recuperação levará pelo menos seis meses, 37,4% preveem entre três e seis meses, e 17,9% acreditam que isso ocorrerá em até três meses.