Uma ideia de Paulo Sergio Nunes da Silva, o Mestre Chocolate, fundador do Grupo de Capoeira Liberdade, um dos mais antigos de Caxias do Sul, recebeu uma série de parceiros e apoiadores e, no próximo sábado, dia 25 de maio, ganha vida no Parque dos Macaquinhos, em Caxias do Sul.
Às 15h, será inaugurado o espaço “Capoeira – A Roda é Nossa”, um lugar para todos os capoeiristas, tanto de Caxias do Sul, quanto de outros lugares.
“O meu mestre teve contato com um coletivo de capoeiristas do interior do Estado, em um evento realizado na cidade de Pelotas, e quando voltou de lá, teve a ideia de nos reunirmos aqui em Caxias e termos um símbolo”, conta o professor Wagner Padilha (Tucano).
Padilha, então, criou o nome “Capoeira – A Roda é Nossa”, desenhou o logotipo e enxergou nesse espaço do parque, que estava vazio e sofrendo os efeitos da desocupação, um lugar perfeito para a execução da ideia. Fez contato com as secretarias municipais envolvidas no assunto e obteve o apoio da prefeitura, que era indispensável. “A prefeitura foi muito receptiva, nos ajudou com limpeza, pintura e colocação das placas. Estamos muito felizes pela Capoeira ter sido acolhida e agora ter um lugar oficial na cidade”, afirma. A intenção é que exista um calendário oficial de atividades, que deve começar com uma por mês, e que, também, os grupos passem a utilizá-lo de forma orgânica.
Para que o cimento ganhasse a companhia da arte, já que a cultura faz parte da Capoeira, Padilha procurou o Instituto SAMbA, que também entrou como apoiador. A mureta, que já recebeu uma pintura base feita pela prefeitura, neste sábado, será a tela para um desenho que teve o conceito definido pela diretora criativa do Instituto, Florência Menegolla.
“Reconhecendo a capoeira como uma forma de expressão que funde luta e dança, as artes se desdobram em representações que tentam capturar sua essência. A música do berimbau é transcrita em partituras, enquanto a cartografia visualiza o pulsar dessas batidas no coração do Parque dos Macaquinhos”, explica ela, complementando que, a partir de obras do artista Carybé, a energia da capoeira é transmitida através de cores e movimentos vibrantes com excelência. Dessa forma, acredita Florência, o espaço se funda como um tributo ao símbolo de resistência e cultura brasileira, em uma celebração da identidade nacional.
Para levar ao muro essa concepção e ao chão o logotipo desenhado por Padilha, foi convidado o artista Róger Zortéa, que também entra como apoiador do projeto. “É sempre gratificante fazer parte desses projetos, ser lembrado e convidado a participar. Quanto mais arte tivermos espalhada por Caxias do Sul, melhor será para a cidade, porque a arte é uma forma de conectar os espaços com as pessoas”, define.
Esse também é o entendimento do coletivo Vivacidade, mais um apoiador da iniciativa. Conforme a presidente, Paula Valduga, ver um espaço ganhar cor e uso, o que naturalmente o torna mais convidativo para as pessoas, contribui para o senso de pertencimento e a humanização da cidade.
“Estamos ao lado desse movimento iniciado pela Capoeira, porque entendemos que todas as ações que procurem incentivar o uso de locais como esse contribuem para o entendimento de que o espaço público é nosso e, portanto, deve ser vivido e cuidado por nós”, completa.
Esses apoios, que ainda contam com Off Photo, Farol Comunicação e Print Express, são apenas mais uma demonstração do quanto essa é uma ideia que nasceu do Mestre Chocolate, mas tem a execução e o futuro coletivos. Na placa, há a citação de outros grupos, deixando claro de que se trata de um lugar para qualquer pessoa que queira jogar.
“A Capoeira é uma importante ferramenta de educação, esporte e cultura, trabalha valores éticos e morais e atua como um meio de se criar cidadãos”, complementa Padilha. Além das pessoas, todos esses valores estarão nas rodas do Parque do Macaquinhos a partir de sábado. E não lugar melhor do que um espaço público para se exercer a cidadania.