Caxias do Sul

Moradores protestam contra episódios de violência em abordagens da BM em Caxias do Sul

Comunidade do bairro Euzébio Beltrão de Queiroz paralisou o trânsito com faixas e fogo em colchões na Rua Bento Gonçalves. Manifestantes relataram espancamentos em ações da corporação

A via foi liberada para tráfego por volta das 19h10 para quem descia no sentido Centro x Estádio Francisco Stédile (Centenário) - (Foto: Marcelo Oliveira/Grupo RSCOM)
A via foi liberada para tráfego por volta das 19h10 para quem descia no sentido Centro x Estádio Francisco Stédile (Centenário) - (Foto: Marcelo Oliveira/Grupo RSCOM)

Moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz realizaram um protesto para expressar sua indignação com abordagens da Brigada Militar. Segundo os manifestantes, houve episódios de violência por parte de integrantes da corporação contra moradores não envolvidos com o tráfico de drogas — alvo de operações na comunidade nos últimos 60 dias.

Buscando uma resposta das autoridades, os moradores fecharam a Rua Bento Gonçalves no final da tarde desta segunda (8), exibindo faixas e queimando colchões. No mês de março, o presidente da Associação dos Moradores, Fernando Morias, já havia recorrido à tribuna na Câmara de Vereadores para apresentar publicamente as reclamações que, segundo ele, não eram isoladas e já teriam ocorrido em outras ocasiões.

Porém, nesta segunda, o líder comunitário Paulo Teixeira (conhecido como Cara Preta) relatou que seu filho e outro morador do Euzébio foram agredidos pelos militares durante abordagem no final de semana. “Meu filho apanhou na frente dos filhos dele, uma criança de dois anos e uma de nove”, descreveu

Segundo o líder comunitário, o protesto tratou-se de um ato necessário para a corporação utilizar do poder para promover a segurança dos moradores, e não a violência.

“Isso não é nada contra a Brigada Militar, é sobre alguns militares que chegam aqui e se acham no direito de ‘fazer e acontecer’. Meu filho, que foi preso sem ter nenhuma passagem (pela polícia), foi espancado na frente dos filhos. A mulher dele foi xingada de todos as formas possíveis, trabalhando dentro da lancheria deles. A Brigada deve vir fazer seu trabalho, ninguém vai questionar. Só estamos procurando saber o porquê do uso da violência contra moradores que não devem”.

Fotos: Marcelo Oliveira/Grupo RSCOM

O comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Moreira de Vargas, esteve presente na  manifestação, ouvindo os moradores. Segundo ele, as reclamações da comunidade sobre as abordagens serão analisadas e medidas adotadas a partir disso.

“Vamos ouvir as partes, pois precisamos ouvir sempre os dois lados, e verificar o que aconteceu. Os nossos policiais são treinados, capacitados, e a gente sabe que tem muitas pessoas boas que moram aqui no bairro. Mas também temos alguns problemas pontuais, principalmente a questão, muito forte, muito organizada, do tráfico de drogas. Já tivemos aqui, neste ano de 2024, dois homicídios e três tentativas, e, depois que a Brigada iniciou essa operação, não tivemos mais nenhum registro”.

De acordo com Vargas, desde o início da operação Cerco Fechado foram presos 23 traficantes e 19 foragidos dentro do Euzébio Beltrão de Queiróz. “Vamos continuar as ações, mas, sim, sempre dentro da legalidade, dentro daquilo que a Brigada Militar sabe fazer”, salienta Vargas.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter o fogo na esquina das Ruas Bento Gonçalves e Henrique Cia. A via foi liberada para tráfego por volta das 19h10, para quem descia no sentido Centro x Estádio Francisco Stédile (Centenário). Para quem sobe sentido ao Centro o tráfego ficou obstruído por mais tempo devido aos entulhos restantes no local.

Fotos: Marcelo Oliveira/Grupo RSCOM

Acompanhe nas redes sociais do Portal Leouve: