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Homem que sobreviveu à intoxicação que vitimou família em Vacaria presta depoimento à Polícia

Acostumados a usar o gerador dentro de casa, no dia do fato, adormeceram e ninguém desligou o equipamento

Homem que sobreviveu à intoxicação que vitimou família em Vacaria presta depoimento à Polícia
Foto: Lucas Brito | Grupo RSCOM

A Polícia Civil realizou mais uma etapa da investigação referente a tragédia que aconteceu com uma família de Vacaria, no domingo dia 10 de março. Na manhã desta quarta-feira, dia 20, por volta de 10h30, o homem que sobreviveu esteve na sede da Delegacia de Polícia do município. O delegado responsável pela investigação, Anderson Silveira de Lima, informou que Maique Santos da Silva, 31 anos, prestou depoimento na presença do advogado. O inquérito busca identificar o que ocorreu naquela noite, antes de o namorado de uma das vítimas encontrar todos desacordados.

Maique, que seria companheiro da mulher que morreu no local, estava dormindo junto com todos e afirmou que a família já tinha costume de ligar o gerador dentro de casa. Porém, eles desligavam o equipamento após algum tempo de uso. No depoimento, ele disse que no dia do fato adormeceram e ninguém desligou o gerador.

Além de Maique, duas crianças que estavam na casa sobreviveram. Os irmãos Elias, de nove anos, e Vitória Costa da Silva, de sete anos, seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Santa Maria. Ambos estão acordados e se alimentando bem. Conforme o delegado, as duas crianças só prestarão depoimento se for imprescindível a participação delas na investigação.

PRÓXIMOS PASSOS DA INVESTIGAÇÃO: com a previsão de um mês de duração, a polícia aguarda os laudos periciais do IGP. Entre os documentos estão os exames de necropsia das vítimas fatais, laudo de local de crime e laudo sobre o funcionamento do gerador . Todos são provas técnico-periciais imprescindíveis às conclusões do Inquérito.

Sobre a casa em que o homem morava com família

Conforme o  secretário Geral de Governo da Prefeitura de Vacaria, Mario Almeida, o município notificou o Governo Federal e solicitou a demolição do prédio. “Recebemos a informação de que o pai das crianças teria retornado a casa, mas o prédio corre o risco de desabar. Pode acontecer uma outra tragédia lá se eles não derem uma resposta imediata para o município. Nós estamos preocupados com essa situação”, pontuou Almeida. 

A casa em que a família estava morando era do município até 1987. Na época, doaram para construção de um posto de fiscalização do IBAMA, que passou a administrar o local. A família teria invadido a casa, mesmo ela estando sem energia e abandonada. (Lei mais aqui)

Confira abaixo o laudo constatando que o imóvel apresenta risco aos moradores, desde o episódio do incêndio ocorrido em 2019:

Relembre o caso

O namorado de Ana Júlia chegou na casa para visitá-la por volta das 8h30 de domingo, dia 10 de março. A residência que fica na Rua Noel Rosa, no bairro Vitória, em Vacaria, estava fechada. A adolescente morava com a mãe, Cíntia de Moraes Costa, cinco irmãos e o padrasto, Maique. Conforme relatos, ele estranhou a demora da família para abrir a porta e conseguiu entrar na casa pela janela, quando encontrou todos desacordados. Ele chamou os socorristas e a Brigada Militar.

Quando as equipes chegaram, Cíntia já estava morta. O socorro levou os filhos e o companheiro dela ao Hospital Nossa Senhora da Oliveira, em Vacaria. Samara Costa da Silva, Cintia Maria Costa da Silva e Ana Júlia Costa da Silva morreram domingo na instituição de saúde. Vitória Costa da Silva e Elias Costa Costa da Silva, além de Maique, foram hospitalizados. Vitória e Elias foram transferidos ainda no domingo para um hospital de Santa Maria. O padrasto continua internado em Vacaria.

Na casa, a polícia encontrou um gerador de eletricidade movido a gasolina. Segundo informações preliminares, o equipamento ficava, geralmente, no lado de fora da residência. Por esse motivo, a investigação apontou para a intoxicação por monóxido de carbono gerado pela queima da gasolina.

O namorado da adolescente encontrou a família já desacordada dentro da casa, no bairro Vitória. A mãe das crianças e companheira de Maique, Cíntia de Moraes Costa, 36 anos, estava morta quando o socorro chegou. As irmãs Ana Júlia, 15 anos, Cintia Maria, 11 anos, e Samara, três anos, morreram no hospital de Vacaria.

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