Um dos últimos compromissos da Câmara de Vereadores no ano foi a escolha da Mesa Diretora para 2024, realizada na sessão da quinta-feira passada (14). O plenário votou, de forma unânime, a favor da chapa única liderada por Marisol Santos (PSDB), que será a 4ª mulher a presidir o poder Legislativo de Caxias do Sul em 131 anos de história.
A tucana repete o feito que teve Rachel Grazziotin como vanguarda, em 1985 e 1986. Somente 26 anos depois, em 2012, o cargo foi novamente ocupado por uma representante feminina, com Geni Peteffi. Após novo hiato de uma década, Denise Pessôa foi eleita para o cargo máximo da Câmara de Caxias.
Assim, de forma inédita, uma mesma legislatura (2021-2024) terá duas mandatárias, com a presidência de Marisol Santos – ainda que isso já estivesse pré-definido desde as eleições municipais pelo acordo informal mantido pelos partidos mais votados (PTB, PT, PSB e PSDB).
Para explicar o que a conquista representa, ela, que é vereadora ‘de primeira viagem’, reflete o quanto a política partidária é recente em sua vida. Com formação em Jornalismo e Relações Públicas, além do exercício como professora, Marisol, 46 anos, entrou no mundo da política em 2019, quando atuou como assessora de imprensa do deputado estadual Neri, O Carteiro.
No ano seguinte, em sua primeira tentativa à vereança, foi a terceira mais votada dos 23 parlamentares caxienses, com 4.443 votos. Em 2022, se candidatou à deputada federal, ocasião em que foi escolhida por 23.929 eleitores e ficou com a 2ª suplência. Ao mesmo tempo que junta experiência, a parlamentar conta que absorve os ineditismos batalhados e protagonizados pelas mulheres, “sejam eles na política ou onde for”.
“Eu me emociono só de falar. Me emociono muito em pensar sobre isso. Temos certeza que o trabalho que a gente realiza na Câmara pode, de alguma maneira, inspirar outras mulheres a nos enxergarem lá (no Legislativo) e entender que lá também é o lugar delas. Fico extremamente emocionada e feliz, porque nós sabemos que não é uma questão de disputa entre homens e mulheres, mas que a gente é a maioria da população e não é a maioria nos espaços de poder. A gente precisa ir lutando por esses espaços, porque a visão feminina é uma visão diferente“, reflete a tucana.
Inclusive, a legislatura vigente também é a primeira a atingir cinco vereadoras eleitas, o maior número até hoje, em Caxias. A Bancada Feminina têm, além de Marisol, Estela Balardin (PT), Gladis Frizzo (MDB), Rose Frigeri (PT) e Tatiane Frizzo (PSDB). Ainda, por três momentos, de 2021 para cá, a marca de seis cadeiras sob representação feminina foi alcançada a partir de suplentes que assumiram mandato temporariamente.
Para a futura presidente da Casa, debater e defender os direitos da mulher significa ir além de abordar o combate à violência, por exemplo.
“É mais do que isso, é a visão da mulher em tudo. É a visão da mulher sobre as finanças, sobre o orçamento do município, sobre o transporte coletivo, sobre questões de saúde, educação e infraestrutura. É isso que a gente precisa. Saber que estarei presidindo a Casa por escolha unânime de uma Câmara que ainda é majoritariamente masculina me deixa muito feliz. Eu acho que nós estamos no caminho certo”, pontua.
O que vem por aí
Marisol tem, pela frente, um ano que reserva o fim do ciclo atual de vereança e as eleições municipais. Além disso, um fator político se desenha: o PSDB estará no comando do Legislativo, representado por ela, assim como está no Executivo, com o prefeito Adiló Didomenico e a vice-prefeita Paula Ioris.
A vereadora defende que são poderes independentes, apesar de trabalharem de forma complementar. Relembra de quando a Câmara foi gerenciada, no ano passado, pelo PT, que faz oposição ao governo municipal, “e, nem por isso, a Casa deixou de andar”. Marisol garante que o oposto, ou seja, uma priorização no encaminhamento de pautas da prefeitura ao plenário, também não ocorrerá.
“Eu posso garantir que a gente vai ter, como teve até hoje, desde o início dessa legislatura, um trabalho complementar, um trabalho que entendemos que cada um tem as suas funções e que a gente precisa dar andamento. Porque tanto o poder legislativo, quanto o poder executivo, têm o mesmo objetivo, que é melhorar nossa cidade, e isso a gente só vai fazer respeitando os espaços de cada um, sem interferência nenhuma“, destaca a tucana.
Adiante, a parlamentar projeta que o poder Executivo deve encaminhar propostas em relação ao transporte coletivo e as parcerias público-privadas. Porém, ela reforça que aguarda reuniões com representantes da prefeitura e com os próprios colegas-vereadores para tratar de grandes pautas que irão para debate em 2024.
Quanto aos avanços em questões internas da Câmara – o que também é de responsabilidade da presidência e demais componentes da Mesa Diretora – Marisol adianta que deve dar andamento às demandas que iniciaram nesta legislatura. Na infraestrutura da Casa, ela atenta para o plano de prevenção e proteção de combate a incêndio (PPCI) e, na comunicação, frisa os trâmites, junto ao governo federal, para elevar a TV Câmara para sinal aberto.
De acordo com a tucana, um compromisso que permanece é o de aproximação da comunidade com o Legislativo, proporcionando um entendimento efetivo do trabalho do vereador.
“Temos outras ideias para trabalhar essa questão da aproximação, de abrir ainda mais a Casa para a comunidade, para os líderes comunitários, para as escolas, para os estudantes, para as crianças, para os adolescentes. E algumas questões que a gente precisa tratar que tem relação direta com o Fundo da Criança e Adolescente, com o Fundo do Idoso também, para que a gente possa ser parceiro nessas ações”, ressalta.
Ao lado de Marisol, estarão, na Mesa Diretora, Adriano Bressan (PRD), 1° vice-presidente, Renato Oliveira (PCdoB), 2° vice-presidente, Felipe Gremelmaier (MDB), 1° secretário, e Zé Dambrós (PSB), 2° secretário. O grupo toma posse no próximo dia 2 de janeiro.