Caxias do Sul

Impulso do comércio garante crescimento de 3,8% da economia de Caxias do Sul em outubro

O segmento registrou aumento de 8,4%, seguido por indústria (3,9%) e serviços (0,9%) na relação com setembro. Dados foram divulgados nesta terça (5)

Impulso do comércio garante crescimento de 3,8% da economia de Caxias do Sul em outubro
Foto: Alencar Turella/divulgação

Com percentual positivo em comércio, indústria e serviços, a economia de Caxias do Sul cresceu 3,8% em outubro, na comparação com o mês anterior. A expansão foi alavancada a partir de uma surpresa positiva, conforme os especialistas: o comércio registrou desempenho de 8,4%. Os dados foram divulgados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) nesta terça-feira (5).

Na comparação mês a mês, recentemente o comércio passou por oscilações, com números tímidos e, inclusive, negativos. Segundo o assessor de Economia e Estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness, o impulso, conferido em outubro, pode ser atribuído a uma alta no ramo duro, capitaneada pelos materiais de construção (13,50%), materiais elétricos (11,81%) e implementos agrícolas (10,82%).

Além disso, o próprio Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, teve efeito acima do esperado.

“Surpreendeu até a nós, porque a venda do Dia das Crianças é bem focada. Presentes, algumas roupas, enfim. É uma data importante, mas, todavia, não seria um fator para uma expansão tão forte. O que puxou foi o impacto sobre os grandes itens que nós temos, os grandes grupos que nós temos no comércio. E todos eles, do setor de ramo duro, apresentaram expansão”, argumentou Mosár.

Já em relação ao mesmo período de 2022 os números são estáveis, com aumento de 0,36%, enquanto no acumulado do ano há incremento de 1,20%. No entanto, mesmo com a chegada do Natal, a passagem pela Black Friday e o pagamento do 13° salário, eventos que costumam aquecer as vendas, o economista projeta números não tão agradáveis para o segmento em novembro e dezembro.

“Nós esperávamos uma expansão maior na Black Friday, e isso não aconteceu. Some-se a isso o número de inadimplentes e o quadro atual. O estado de expectativa geral da economia não indica que as pessoas façam grandes gastos no final do ano, que é o mês de dezembro, nossa principal data. Então, isso nos põe em estado de alerta”, afirma o assessor de Economia e Estatística, que complementa que o lojista tem, inclusive, dificuldade para estimar a quantidade de estoque que vai comprar.

“É como areia, embaixo dos teus pés: a água vem e lava, e dali a pouco tu já ficou sem chão. Mas é lógico, a gente espera que o Natal dê uma ‘estilingada’, que a gente consiga manter essa expansão e que o comércio de Caxias consiga fechar, pelo menos, acima de 3%”, finaliza.

Os serviços foram o setor responsável pelo pior desempenho do mês, com 0,9% de alta em outubro sobre setembro. O diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC, Caxias Tarciano Mélo Cardoso, observou que a indústria mostrou um crescimento expressivo, com 3,9%.

No acumulado do ano, ou seja, de janeiro a outubro, destaque para os serviços, com 21,3% de crescimento, mas a indústria tem queda de 3,2% no período. Cardoso acredita que, em 2023, a economia de Caxias do Sul deva fechar com crescimento entre 4% e 5%.

“Palavrinha mágica da economia”

Na análise do presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, o ano de 2023, para Caxias do Sul, foi positivo na economia de uma forma geral. Ele sustenta que o agronegócio, implementos rodoviários, equipamentos de transporte, peças e componentes automotivos são fatores que estão por trás do resultado favorável, ainda que a projeção, em nível nacional, fosse de “uma retração do PIB e até mesmo uma possível recessão”.

Entretanto, para 2024, Loro observa que há “algumas barreiras” que podem dificultar os negócios.

“Temos indicativo de um déficit muito grande, ou seja, déficit é sinônimo de desemprego, de recessão, de descontrole inflacionário, é algo que nós queremos distância. Nós esperamos racionalidade no controle do gasto público, na gestão das contas públicas. Isso vai gerar aquela palavrinha mágica da economia, que é a confiança“, destaca o presidente da CIC.

Segundo Loro, com confiança, “o empresário investe, produz , o consumidor consome, gerando mais produção, ou seja, é um círculo virtuoso que nós precisamos criar, mas que depende, repito, de confiança. Se a gente não criar essas bases de confiança, dificilmente nós vamos ter um ano de 2024 melhor do que 2023”.