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Ministério da Justiça recebeu mulher de líder do Comando Vermelho em duas reuniões neste ano

Secretário Nacional de Política Penais, Rafael Velasco recebeu Luciane Barbosa Farias, que é mulher de liderança da facção no Amazonas

Ministério da Justiça recebeu mulher de líder do Comando Vermelho em duas reuniões neste ano
Foto: reprodução

A mulher de um chefe do Comando Vermelho no Amazonas, preso no ano passado, fez duas visitas ao Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino, em 2023. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo. Luciane Barbosa Farias é mulher do criminoso apelidado de “Tio Patinhas”, detido em dezembro de 2022. Ele já havia sido preso em 2018, quando já era considerado um dos criminosos mais procurados do Estado amazonense, mas foi solto por uma desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado.

Luciane, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve presente no ministério em duas reuniões nos últimos 3 meses, por duas vezes. De acordo com a reportagem do Estadão, Luciane é o braço financeiro da operação do marido, e foi ao Ministério da Justiça em março e maio de 2023.

Ela é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos. Ambos foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Ele cumpre 31 anos no presídio de Tefé (AM). Ela foi sentenciada a dez anos e recorre em liberdade.

A visita

O secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, recebeu um pedido da advogada Janira Rocha, ex-deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL para receber uma delegação de mulheres, e Luciane estava entre elas. O caso vai ser analisado numa reunião nesta segunda-feira (13).

As reuniões de Luciane no Ministério da Justiça foram com os secretários de Políticas Penais, Rafael Velasco; de Assuntos Legislativos, Elias Vaz; e com a coordenadora do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), Tamires Sampaio.

Elias Vaz confirmou que Luciane acompanhava a ex-deputada Janira Rocha. Além de Luciane, estavam presentes, segundo ele, estavam as mães de uma menina e de um jovem assassinados – as duas pediam celeridade nas investigações dos casos.

Leia a nota de Vaz

“Informo que, no dia 14 de março, recebi solicitação de audiência por parte da Sra. Janira Rocha, ex-deputada estadual no Rio de Janeiro e vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da ANACRIM-RJ.

Na reunião, realizada no dia 16 de março, a Sra. Janira Rocha veio acompanhada das senhoras Ana Lúcia, mãe do jovem Lucas Vinícius, morto em 2022.

E também de Luana Lima, mãe de Lara Maria Nascimento, morta em 2022; e de Luciane Farias, do estado do Amazonas. Durante a audiência, das mães Ana Lúcia e Luana Lima, escutei reivindicações pedindo celeridade nas investigações sobre a morte dos filhos.

Na ocasião, recebi os documentos anexos, nenhum tratando de casos ocorridos no estado do Amazonas. Quanto à Sra. Luciane, ela estava como acompanhante da advogada Janira Rocha, e se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário.

Por esta razão, foi sugerido à advogada Janira Rocha que elas procurassem a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN).

Tenho uma longa trajetória parlamentar e política, sempre com a marca da seriedade. Atendi a advogada Janira Rocha e acompanhantes por conhecer a citada profissional e ela desejar falar sobre vítimas de homicídios.

Repudio qualquer envolvimento abjeto e politiqueiro do meu nome com atividades criminosas.”

O ministro Flávio Dino também falou sobre o assunto nas redes socais.

“Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença”, escreveu.

Leia a íntegra do Ministério da Justiça e Segurança Pública

“No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas”.

“A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes”.

“Por não se tratar de assunto da pasta, a Anacrim, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais)”.

“A agenda na Senappen e da Anacrim aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da Anacrim”. “Não houve qualquer outro andamento do tema”.

“Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota”. “Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais”.

*Com informações de O Sul