Caxias do Sul

Indústria e serviços puxam recuo de 3,9% na economia caxiense em setembro

Quantidade reduzida de dias úteis foi um dos tópicos que influenciou o desempenho negativo, segundo economistas da CIC Caxias

Indústria e serviços puxam recuo de 3,9% na economia caxiense em setembro
Foto: Andreia Copini/ Divulgação

Setembro foi um mês morno para a economia de Caxias do Sul, que marcou um recuo de -3,9% em comparação com agosto. Os dados, apresentados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), nesta terça-feira (7), indicam que indústria, com -4%, e serviços, com -6,5%, influenciaram o desempenho negativo. A exceção foi o comércio, que pontuou 0,6%.

De acordo com análise do diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Tarciano Melo Cardoso, o nono mês do ano impacta diretamente alguns setores em razão da quantidade reduzida de dias úteis. Ele observa que feriados (7 e 20 de setembro) e recessos estendidos, além do período comportar 30 dias, contra 31 em agosto, foram fatores que impactaram predominantemente os negócios.

“Na queda da indústria no mês de setembro contra agosto acontece essa relação. O comércio é outro setor que é afetado, porque se você não tem pessoas circulando no final de semana, que é onde acontecem as compras normalmente, elas estão consumindo no litoral ou em qualquer outro lugar da região”, exemplifica Cardoso.

O diretor também entende que questões da economia nacional, como falta de clareza em aspectos a curto e médio prazo, afetam de uma forma geral todas as regiões e setores do país.

Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de -0,6%. Indústria e comércio apresentaram resultados negativos (-6,5% e -7%, respectivamente), mas, na contramão, os serviços cresceram 13,6% no período, acumulando 22,2% de alta no ano e 19,6% em 12 meses.

O balanço de janeiro a setembro de 2023 registra um crescimento da economia em geral de 4,9%, mesmo saldo do acumulado dos últimos 12 meses. Os especialistas avaliam como um crescimento expressivo, sustentado pelo setor de serviços, que se recupera após a pandemia da Covid-19 e carrega a economia caxiense.

O diretor Tarciano Cardoso projeta que, para o último trimestre, a economia local deve fechar na casa dos 5%. O período é o mais esperado, principalmente pelo varejo, devido as datas festivas, além das férias e do pagamento do 13° salário. No entanto, o município registra 149,5 mil inadimplentes (quase 36% da população) e, segundo o economista, eventos externos, como guerras e eleições, pedem cautela.

“Imaginamos que, dentro da economia de Caxias, a gente vai fechar num número entre 4 e 5%. Abaixo disso teria que acontecer alguma coisa a nível estrutural, que impacte mesmo, e alguma redução de empregos que poderia ter essa movimentação. Para os últimos períodos, comércio, a tendência é que sim tenha volumes positivos, e serviço vai ao natural, a gente acredita que ele acompanhe naturalmente esse ciclo”, finaliza.

Outros dados

De acordo com o levantamento, dos cinco itens que compõem o Índice de Desempenho Industrial (IDI/Caxias), somente massa salarial, com alta de 4,1%, foi positivo no comparativo entre setembro e agosto deste ano, e auxiliou no setor de serviços. Os demais (utilização da capacidade instalada, horas trabalhadas, compras industriais e vendas industriais) ficaram negativos. Entretanto, a massa salarial cresceu 46,2% na comparação entre setembro de 2023 e setembro de 2022. No acumulado do ano, registra alta de 41,8%.

O mercado de trabalho manteve-se praticamente estável em setembro, com alta de 0,07%. Foram criados 119 postos de trabalho no mês analisado. No acumulado de 2023, porém, teve alta de 2,4%, com a criação de 3.757 empregos com carteira assinada. Hoje, Caxias do Sul registra um total de 161.985 postos formais de trabalho.

Já o saldo da balança comercial sofreu uma queda de -24.9% em setembro relação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a setembro do ano passado, a queda é de -19,1%. Com isso, o comércio internacional caxiense apresenta um desempenho positivo de 14,1% no período de janeiro a setembro de 2023. No acumulado dos últimos 12, a alta é de 40,5%. O saldo acumulado da balança comercial nos últimos 12 meses é de US$ 289 milhões.

Os Estados Unidos, com 21%, foram o principal destino das exportações locais. Em seguida vêm Chile, Argentina, Uruguai e México. Já a China, com 48%, ainda é o principal país de origem das importações caxienses. Logo após aparecem Itália, Alemanha, Estados Unidos e Japão.