Caxias do Sul

Chefe da PRF de Caxias diz que motociclistas imprudentes deveriam ir para 'autódromo'

O chefe da PRF explica que a BR-116 não é uma rodovia considerada perigosa, se for utilizada corretamente, e que os maiores causadores são condutores que possuem motocicletas de grande valor

Chefe da PRF de Caxias diz que motociclistas imprudentes deveriam ir para 'autódromo'
Imagem Ilustrativa

A BR-116 é um dos trechos mais utilizados no Estado do Rio Grande do Sul, principalmente na região da Serra Gaúcha. Por conta disto, aos finais de semana, a trafegabilidade de veículos aumenta consideravelmente por condutores que vem a localidade para passear. Porém, um fator não pode ser ignorado – os acidentes – principalmente envolvendo motocicletas, os quais muitas vezes se tornam graves, levando pessoas a óbitos.

Por esta razão, a equipe de jornalismo do Portal Leouve entrevistou o chefe Operacional da 5ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Caxias do Sul, Josué Nery, que relatou ter conhecimento do histórico de sinistros graves e relatou sua indignação do mau uso da rodovia pela minoria dos motociclistas que trafegam na BR-116.

É uma rodovia, que pelo relevo, é um atrativo para muitos motociclistas. Eu diria que a maioria deles fazem um bom uso dela, mas temos sim alguns que não, e eu quase que me recuso a chamar de motociclistas, porque eu sou motociclista e “ser motociclista” é completamente diferente do comportamento que essa minoria apresenta, e essa minoria que vem pra Serra, principalmente no trecho entre Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Picada Café, Morro Reuter e Dois Irmãos, há um percentual desses que é totalmente inconsequente no comportamento e querem fazer uso da via pública como se estivessem num autódromo” relatou.

Josué explica que por este motivo as fiscalizações são maiores aos finais de semana e que cerca de 95% dos acidentes estão distribuídos no período diurno de sábado e domingo. “Isso é o que nos deixa mais indignados, pois a característica principal dessas motocicletas e motociclistas é estarem passeando na Serra Gaúcha. O que é inconcebível é verificar motociclistas que estariam passeando num trecho onde a velocidade permitida é de 60 km/h num trecho sinuoso, onde o atrativo é estar em contato com a natureza, visualizando quedas d’água, visualizando a flora, mas trafegam a 140, 160, 170 ou até 200 km/h“.

Maioria dos acidentes graves envolvem pessoas que possuem maior poder aquisitivo

O chefe da PRF explica que a BR-116 não é uma rodovia considerada perigosa, se for utilizada corretamente, e que os maiores causadores são condutores que possuem motocicletas de grande valor.

Não são motos de 5, 10, 15 ou 20 mil reais, são motocicletas que custam 50, 60, 70, 100 mil reais. Normalmente é uma pessoa de razoável poder aquisitivo e muitas delas com razoável formação, profissionais liberais, empresários, pessoas com graduação superior, mas parece que nos finais de semana perdem totalmente a razoabilidade e qualquer tipo de ética na condução de veículo em via pública“.

Fiscalização

Para finalizar, Josué informa que as fiscalizações que a PRF realiza normalmente não são de motocicletas em mau estado de conservação, raramente com pneu liso ou sem um espelho retrovisor, mas sim de motocicletas que não estão com manutenção em dia, pois a causa de acidentes é totalmente imprudência de condutores que colocam muitos outros em risco. A alta velocidade, ultrapassagem em lugar proibido e curvas invadindo a pista contrária são as causas de acidentes graves do trecho da BR-116 na Serra Gaúcha.

Eu não teria nada contra se esse indivíduo fosse para um autódromo, seja em Tarumã, Guaporé ou qualquer outro com seu equipamento de proteção, onde não esteja num lugar que tenha pessoas passeando e fazendo o uso correto da via pública, agora não, no momento em que coloco meu veículo numa rodovia federal, dividindo o espaço com famílias, com ciclistas, com pedestres, isso faz que tenhamos que fiscalizar e sermos rigorosos quando nos deparamos com este tipo de infrator“, finalizou o Chefe Operacional da PRF, Josué Nery.