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PF cumpre mandados mas não encontra investigados em Bento e Gramado

PF cumpre mandados mas não encontra investigados em Bento e Gramado

A Polícia Federal deve divulgar um balanço oficial da Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta sexta-feira, dia 17, somente no final do dia, mas as informações do final da manhã afirmam que os mandados de condução coercitiva e de prisão em Bento Gonçalves e Gramado não foram cumpridos. Em Bento, os policiais localizaram um homem com o mesmo nome do empresário do ramo de frigoríficos que estaria sendo investigado, enquanto em Gramado o local encontrado era um apartamento que teria sido recebido por uma funcionária do serviço de inspeção do Paraná.

 

O delegado Maurício Grillo, que comandou a operação, a PF havia prendido cerca de 20 dos 34 funcionários públicos federais investigados na operação, considerada a maior já deflagrada pela Polícia Federal, com a participação de 1,1 mil agentes, que investiga há dois anos o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de corrupção que facilitava a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva e licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

 

Os policiais federais também já prenderam executivos de grandes grupos frigoríficos: o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos; o diretor da BRF André Baldissera e o funcionário da Seara, empresa da JBS, Flávio Evers Cassou.

 

Foram cumpridos um total de 27 mandados de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências, locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso no Rio Grande do Sul e em outros seis estados, além do Distrito Federal.

 

Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a PF, de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.
O superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Roberto Schroeder, informou que nenhum auditor fiscal ou agente de vigilância sanitária do ministério está entre as pessoas cidades na operação Carne Fraca.

 

Segundo as investigações, o esquema era comandado pelo ex-superintendente regional do ministério no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento, que trabalham em Curitiba.

 

O delegado da PF afirmou que os partidos PP e PMDB eram beneficiados com propina envolvendo o esquema ilegal de vendas de carnes. Em uma das interceptações telefônicas, a polícia gravou um diálogo entre o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e Gonçalves, quando Serraglio ainda era deputado federal pelo Paraná. Ele intercedia a favor de um dos frigoríficos investigados e se referiu ao fiscal como "grande chefe".

 

Íntegra da nota da JBS

Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.

A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.

A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos. 

A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou  comercialização –  e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.

 

Íntegra da nota da BRF:

"BRF S.A. (“BRF” ou “Companhia”) (BM&FBovespa: BRFS3; NYSE: BRFS), nos termos da Instrução CVM n°358, de 3 de janeiro de 2002, comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua."