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Delegado e mais três pessoas são denunciadas por financiar organização criminosa

Delegado e mais três pessoas são denunciadas por financiar organização criminosa

O Ministério Público do Rio Grande do Sul encaminhou, na quarta-feira, dia 8, denúncia contra o delegado Omar Sena Abud, o comissário aposentado Luiz Armindo de Mello Gonçalves, além da esposa dele Maria dos Santos Gonçalves, o filho deles Rafael Mello Gonçalves e o sobrinho do delegado, Thiago Abud Dias. Eles são acusados de receptação qualificada, roubo de cargas, lavagem de capitais, estelionatos e crimes fiscais estaduais, com valores estimados em R$ 2,1 milhões. O delegado e comissário estão presos desde a deflagração da operação Financiador, realizada em 22 de fevereiro.

 

Conforme o MP, ao final da ação, além da condenação de todos pelas práticas criminosas, o MP pede o perdimento dos bens que são produto ou proveito dos crimes descobertos, além da perda do cargo e proibição do exercício de função pública. 

 

Relembre o caso:

Conforme as investigações, de 2011 até fevereiro de 2017, Omar Abud e Luiz Armindo Gonçalves financiaram, promoveram, integraram e constituíram organizações criminosas destinadas às práticas dos crimes de receptação qualificada, roubo de cargas, lavagem de capitais, estelionatos e crimes fiscais estaduais. Após o cruzamento de dados e informações da primeira fase do caso, em que era apurado a lavagem de dinheiro em um supermercado de Alvorada, foi descoberto que parte do dinheiro sujo provinha de Abud e Gonçalves. Anotações, comprovantes de depósitos bancários e recibos vinculados aos dois foram encontrados. 

 

Por terem facilidade de acesso aos sistemas da Polícia Civil, os dois aproximavam-se de integrantes de organizações criminosas para emprestar dinheiro mediante contas bancárias próprias ou de terceiros, além de protegê-las das ações do Estado, informando antecipadamente ações da Polícia e interferindo em diligências de investigação. Como contrapartida, Abud e Gonçalves recebiam o pagamento de juros entre 20% e 100% do valor emprestado e criavam permanente vínculo com as organizações. Eles faziam com que os criminosos passassem a trabalhar para eles, impondo aos bandidos condição de dependência. 

 

Omar Abud concedia pessoalmente os financiamento em dinheiro ou por depósitos, que eram feitos na conta dele ou do sobrinho, Thiago, bem como por meio da troca de bens móveis e imóveis. O delegado prometia segurança aos grupos criminosos e, quando presos, tentava agir na atuação da Polícia judiciária, mediante uso de prestígio, cargo e sistemas de consultas disponíveis. Os encontros para pagamentos eram combinados até mesmo no interior da delegacia. Já o comissário solicitava que os pagamentos fossem feitos pessoalmente ou na conta de uma empresa cujos sócios são a esposa e o filho. 

 

Com os valores, o delegado comprou dois automóveis avaliados em R$ 200 mil no total, que foram vendidos sete meses depois e não foram declarados ao Imposto de Renda. Além disso, ele comprou uma casa em um condomínio de luxo no litoral e um apartamento em Porto Alegre com o dinheiro do crime. Esses valores também não foram declarados ao fisco nacional. O mesmo sucedeu em relação ao lote e à casa em condomínio de luxo no litoral comprados por Maria e Luiz Armindo Gonçalves. Além disso, o casal e o filho atuaram, entre 2011 e 2017, como empreendedores imobiliários, utilizando o dinheiro do crime para construir imóveis residenciais para venda e aluguel. Os ganhos também não foram declarados.