Memória LEOUVE

'O que o governo Temer faz é um crime contra a humanidade', afirma Paulo Paim

'O que o governo Temer faz é um crime contra a humanidade', afirma Paulo Paim

O projeto de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar o caixa da Previdência Social está cada dia mais perto de se tornar real. O senador gaúcho Paulo Paim (PT), autor do projeto, está obtendo votos favoráveis à instalação do colegiado até mesmo de senadores favoráveis ao governo Temer e pretende esclarecer e encerrar a polêmica sobre o possível rombo do Órgão da seguridade social brasileira.

 

Em entrevista exclusiva, concedida ao Portal Leouve, o senador informou que, até o momento, foram colhidas 30 assinaturas, mas que pretende chegar ao número de 35 senadores.

 

"Conseguimos 30 assinaturas, mas estamos trabalhando para chegar em torno de 35, porque, infelizmente, nem todos tem essa consciência da importância que é uma CPI. A da previdência irá fazer uma devassa total e isso é bom para todo mundo. Essa é a realidade, por isso que eu tenho conversado muito com todos os senadores, tenho apelado na tribuna para que mais colegas assinem o pedido de abertura", disse. De acordo com Paim, ele e os outros dois senadores gaúchos, Ana Amélia Lemos e Lasier Martins assinaram o pedido. 

 

"Estamos dialogando com todos, para mostrar a importância desse processo, a fim de apresentar, de maneira transparente que há roubo e corrupção na autarquia e isso ninguém tem dúvida. Queremos ver quem é quem. Onde estão os mais de R$ 426 bilhões de dívida ativa e por que ninguém cobra? Dizem os auditores da Receita que este valor ultrapassa a quantia de R$ 1 trilhão. Esta não é uma CPI partidária, nem ideológica, e muito menos contra ninguém. É um ato a favor da verdade, a transparência das contas da previdência", afirmou.

 

Paim disse que os senadores devem contribuir para esclarecer ao povo onde está o dinheiro da Previdência e apontar as fraudes e desvios existentes. Ele também acredita que a investigação revelará que não há déficit na Previdência e não se justifica a reforma proposta pelo governo, que definiu como “o maior crime contra a humanidade”.

 

"Esse projeto da reforma da Previdência é um crime contra a humanidade, contra o povo brasileiro. É tirar a aposentadoria da nossa gente, do nosso trabalhador rural. Calcule uma mulher que trabalhou a vida toda no campo… com essa reforma, ela vai ter que continuar trabalhando até os 65 anos, com 49 anos de contribuição para se aposentar. Outro exemplo, um homem que trabalha numa área insalubre, periculosa não terá mais a aposentadoria especial… os professores, os policiais, que doam a sua vida para proteger o cidadão… isso é um crime", desabafou.

 

Questionado sobre a opinião de senadores da bancada do governo, que criticam a proposta de instalação da CPI, justificando que seja uma "manobra" para atrasar as votações da reforma da previdência, Paim diz que esta não é a ideia, mas se ajudar a atrasar o processo, será um grande favor que o senado faz ao povo brasileiro. "Se a CPI ajudar a atrasar as votações será muito bom. O povo não pode ser condenado mais uma vez a pagar o pato. Vamos sentar e discutir melhor essa bomba que o presidente Temer enviou para nós, senadores".

 

Para Paulo Paim, o povo está consciente da nocividade da reforma da Previdência, que considera uma imposição do poder executivo que não escuta a voz da sociedade. Ele fez um apelo, pedindo à população que manifeste sua contrariedade, conversando com seus deputados e senadores para manterem suas assinaturas no pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito e que votem pela contrariedade da reforma da previdência. "A população precisa cobrar dos seus representantes e mostrar que a instalação da comissão é importante, pois, infelizmente há alguns senadores que, quando o governo pressiona, ou no ‘dando que se recebe’, mudam de opinião ou de posição", afirmou.