Memória LEOUVE

Chantagem de branco

Chantagem de branco

Não é de hoje que a população brasileira sofre com as carências da saúde pública, com a falta de atendimento médico e com a ausência de condições mínimas para garantir a saúde dos brasileiros.

 

Até as paredes intactas das unidades de pronto atendimento fechadas por falta de dinheiro país afora sabem que o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não consegue garantir o acesso universal à saúde, e que os municípios atolados em dívidas não conseguem vencer essa batalha sozinhos.

 

Essa realidade se repete aqui e na imensa maioria das cidades desta nossa república de bananas, do Chuí ao Oiapoque, de Caxias do Sul a Quixeramobim.

 

Hoje o país não consegue manter a estrutura gigantesca que é a saúde pública poque, nesse país assolado pela corrupção, a saúde é um dos setores mais corruptos do sistema. É superfaturamento, são os sanguessugas, é máfia das ambulâncias, a máfia das próteses e outras doenças sem remédio eficaz.

 

Por isso, a gente não pode admitir que o que está ruim fique ainda pior pelo mais comezinho interesse pessoal dos envolvidos.

 

Sim, eu estou falando aqui da anunciada paralisação dos médicos concursados em Caxias, que ameaça deixar a população sem atendimento nas UBSs, que já ficaram fechadas no carnaval, pelo menos até o fim dessa semana.

 

Longe de mim afirmar aqui que os médicos não têm direito de fazer greve e se mobilizar pelo que consideram correto. Muito antes pelo contrário: eu acredito que o direito a greve assegurado pela Constituição é uma das conquistas mais importantes dos trabalhadores brasileiros.

 

A questão é que os médicos vão parar simplesmente porque não querem cumprir o horário determinado, ou porque querem ganhar mais pra trabalhar pelo tempo de trabalho pra que foram contratados. Transformando em ovo frito: eles cruzam os braços em protesto contra a decisão de bater o cartão-ponto a partir de hoje.

 

O que os médicos querem mesmo é incorporar uma parcela de mais ou menos dois mil reais ao salário ou diminuir o horário de trabalho sem perdas financeiras, o que a prefeitura não descarta, desde que isso represente também uma diminuição do salário.

 

Veja bem, eu não estou aqui dizendo que os médicos ganham bem ou mal, ou mesmo que eles não têm o direito de reivindicar melhores salários ou o que seja, mas o que é inadmissível é que eles penalizem a população a quem juraram servir por conta disso.

 

A verdade é que pega muito mal para a classe médica essa paralisação. Fazer greve é absolutamente legítimo, mas deve ser o último recurso, e não um instrumento de chantagem que cobra o maior preço da população que mais precisa.

 

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