O estopim do impasse envolvendo médicos e o município de Caxias do Sul deve acontecer nesta quarta-feira, dia 1º de março. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos, em assembleia realizada na semana passada a categoria decidiu paralisar as atividades nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros Especializados de Saúde durante três dias. Os atendimentos na urgência e emergência vão ocorrer normalmente, mas somente no Postão 24h.
Durante os meses de janeiro e fevereiro, diversas reuniões entre a secretaria da saúde e o sindicato ocorreram. Mesmo assim, o poder público não conseguiu elaborar uma proposta que conciliasse os interesses da atual administração com o desejo dos médicos. Conforme Marlonei, a falta de um diálogo oficial por parte da prefeitura é um dos motivos da paralisação. “Foi uma decisão tomada semana passada em uma assembleia, já que não há negociação entre a prefeitura e o sindicato. Só conversas por celular, bilhetes, essa coisa toda. Então vamos paralisar amanhã, por três dias”, declarou.
O presidente do Sindicato dos Médicos ainda garante que a categoria espera uma proposta do poder público, mas que ela precisa ter um caráter oficial. “Estamos no aguardo da prefeitura, se mandarem algum documento para nós, a gente se reúne em assembleia e analisa esse documento. Mas tem que ser um documento oficial, timbrado, assinado, tudo bonitinho. Aí a gente analisa e se nos convém a gente até suspende a paralisação nos outros dois dias”, garante Marlonei.
A negociação da prefeitura de Caxias do Sul com os médicos iniciou no mês de janeiro, quando a secretaria de saúde cobrou que servidores deveriam bater o ponto a partir do dia 1º de março. Atualmente, aproximadamente 170 dos mais de 350 médicos da rede pública tem um acordo que prevê que o médico não precisa cumprir a carga horária desde que atenda determinado número de pacientes durante o dia. A reportagem procurou o Secretario de Saúde Darcy Ribeiro Pinto Filho, mas ele alegou estar em viagem e não conseguiu conceder entrevista.
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O que pedem os médicos
O presidente do Sindicato diz que a proposta dos médicos é clara: redução da carga horária de 20h para 12h semanais, sem alteração no salário atual, de aproximadamente R$ 3,5 mil mensais. Ficaria ainda a critério de cada profissional aceitar dobrar o número de atendimentos diários – passando de 9 para 18 – e em contrapartida ganhariam a parcela autônoma de R$ 2.056,48. O ponto também seria batido integralmente.
Reunião para discutir o assunto sem o sindicato dos médicos
A prefeitura de Caxias do Sul marcou para amanhã pela manhã uma reunião para apresentar uma proposta aos médicos. No encontro, marcado para as 13h, a Secretaria da Saúde apresentará proposta de redução de vencimentos e de carga horária. Devem comparecer ao encontro representantes do município e do Sindiserv. O sindicato dos médicos não estará presente e, segundo Marlonei, os profissionais que forem ao encontro estarão infringido o código de ética da entidade. “Eu acho ridículo. O adjetivo mais apropriado para uma reunião dessa é ridículo. Convocar uma assembleia por telefone, pela rádio, como o prefeito fez, e se reunir com um sindicato que não representa os médicos. O Sindiserv fez uma reunião na semana passada e compareceu apenas uma médica, que é cargo de confiança do prefeito. Nós orientamos aos médicos para não ir nessa reunião, porque se forem estarão infringindo nosso código de ética”, disparou.
