Memória LEOUVE

O vereador como despachante

O vereador como despachante

Até os plátanos que seguram algumas parreiras centenárias no interior do município sabem que não existem vagas suficientes para garantir acesso em creches a todas as crianças com menos de três anos em Bento ou na maioria das cidades de porte médio e grande do país. E olhe que nas últimas décadas houve uma considerável redução no índice de fecundidade. Nossa taxa de natalidade caiu a níveis de país desenvolvido.

 

Mesmo assim o país padece de graves dissonâncias quando se fala e políticas sociais. Aliás o próprio termo política social agora anda muito associado a PT, a governo de esquerda e a desvio de recursos. Uma simplificação hedionda.

 

Pois como toda a moeda que tem duas faces, soube a partir da sessão da Câmara de Vereadores ontem que a eficiente secretária de Educação Iraci Vasques conseguiu atender a todos os pedidos de vereadores com rearranjos e encaixou as crianças que não tinham creche a pedido dos mesmos. Foi elogiada por eles. Parabéns.

 

Quero fazer o alerta aos pais que ainda tenham dificuldade: contate um vereador, qualquer um deles – ou seria preferível algum da base governista?  – e resolva o problema.

 

Mas cá entre nós, esta não é aquela prática a qual denominamos como clientelismo? Você vira refém de um favor prestado por um ente político quando dar vaga a uma criança em creche não é favor algum. É obrigação legal.

 

Estamos em pleno período de volta às aulas e certamente a Secretária deve estar ocupada resolvendo questões do dia a dia. Então até se compreende que um pedido do vereador Jocelito Tonietto para que ela fosse convidada a dar explicações na câmara fosse rejeitado. A hora é de resolver. Explica-se depois. Mas também não custa lembrar que a câmara é um parlamento e portanto, lugar para falar, ouvir, aprender e aperfeiçoar o regime democrático.

 

Lá se escuta alguma bobagem e despropósito. É preciso saber filtrar. Porque tem muita sugestão boa e, no mínimo, ajuda a apurar o senso crítico.

 

 

Tenho acompanhado as sessões e, apesar de um pouco alongadas porque mais da metade dos vereadores tem feito questão de ocupar a tribuna em todas as sessões tem valido o esforço. O vereador Pessutto chegou a propor que se redefina no regimento interno esta questão. Como cada líder de bancada dispõe de 15 minutos- são nove bancadas – e cada vereador tem dez. Se todos resolverem falar na mesma sessão, sem considerar o tempo de leitura de proposições ou de votações, só os discursos consumirão 3h35min. Em não havendo bom senso ou acordo dentro das bancadas, só mesmo mudando o regimento.