Memória LEOUVE

Estará o fracasso de Lunelli engolindo Pasin?

Estará o fracasso de Lunelli engolindo Pasin?

Colocar um pedido de CPI para apurar causas e real profundidade das dificuldades nas finanças municipais em meio a tantas proposições de menor valor na última sessão legislativa antes do recesso, não passou de ardil do vereador oposicionista Moacir Camerini.

O proponente certamente não imaginou que sua artimanha passaria desapercebida pelo líder de Governo da Câmara de Bento, como, de fato, não passou. O vereador Amarildo Lucatelli solicitou e a proposta foi votada em separado e derrotada.

A real jogada consistia em expor as dificuldades da prefeitura. Há uma caixa preta e uma tentativa de silêncio a respeito da falta de dinheiro que não resiste a uma conversa um pouco mais profunda com qualquer assessor direto do Prefeito. A situação não é nada confortável.

Ultimamente, aliás, venho formatando uma tese que desejo expor. As dificuldades enfrentadas no final do Governo Lunelli sofreram uma hipertrofia expositiva com viés de exploração política – que até certo ponto seria natural, mas no caso foi exacerbada. Ou seja, as informações foram multiplicadas e tonificadas num discurso de ódio político e de revanchismo de modo a desembocar na mudança de governo. O resultado desejado, neste âmbito político foi alcançado. Uma boa parte da sociedade não poderia suportar mais quatro anos de PT, independente de haver ou não descalabro financeiro. Maior prova disto é que muitos setores que antes bradavam a calamidade financeira, hoje silenciam.

O fato e a tese que sustento é que este viés camuflou um perigo maior e real. Mesmo que tenham havido erros e descaminhos em alguns casos pontuais e ainda sob investigação, a verdade é que o novo governo custou a perceber – pelo menos esta é a impressão que se passa ao grande público – que o desequilíbrio nas contas de Lunelli não era algo pontual. E, se foram, não perceberam que novos perigos rondavam as contas públicas.

O falecido Lunelli foi, de certa forma, vítima de um Brasil grandiloquente em que brotava dinheiro de Brasília, assim como Pasin está sendo vítima de um Brasil mínimo e em recessão profunda já há três anos. São medidas antagônicas. Lunelli apostou em obras e projetos. Pisou fundo de forma a exaurir os cofres pela necessidade das contrapartidas. Pasin continuou estas obras, mas com cofres cada vez mais vazios pela diminuição da atividade econômica e falta de repasses do Estado e da União em áreas vitais como a da saúde. Enfim, deixaram de ingressar receitas vitais.

Lunelli não se reelegeu, também em parte por ter deixado de pagar reajuste salarial no último ano de Go verno. O alegado esquecimento, na verdade, apontava para cofres raspados. Pasin não percebeu e prometeu reajuste/reposição trimestral ao funcionalismo. O resultado é que honrando esta promessa, não teve dinheiro para honrar o décimo terceiro nem o salário dos médicos. Vai continuar persistindo?

Estamos aí, concluindo a segunda semana de um novo governo e, sinceramente, até agora não vi o propalado enxugamento na máquina pública. Onde estão os cortes de secretarias? O que se anunciou até o momento, de fato, é a futura criação de uma secretaria de segurança. Corte mesmo, só o anunciado pelo Secretário de Saúde: haverá menos contratação de terceirizados para atender à saúde.

 

Cada um que julgue e avalie segundo suas preferências e necessidades.