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Depois de sessão tensa, vereadores de Bento ratificam aumento do IPTU

Depois de sessão tensa, vereadores de Bento ratificam aumento do IPTU

“Vergonha, vergonha”. Sob as vaias de um grande público, os vereadores bento-gonçalvenses foram se retirando um a um do plenário da Câmara Municipal no final da tarde desta quarta-feira, dia 28, quando terminava a última sessão legislativa do ano. Os protestos dos populares eram contra a aprovação, por 11 votos a cinco, do aumento do IPTU para 2017, que, em muitos casos, chegará a 25%, além da correção automática pelo IGPM.

 

A votação ratificou o que havia sido decidido na sessão extraordinária das 16 horas, apenas com um voto a mais, pois o vereador Adriano Nunes (PPS), que não esteve na primeira votação, nesta segunda votou com a base governista.

 

A sessão foi pra lá de movimentada. Um homem, identificado como Ênio Bruschi, precisou ser retirado do plenário, uma vez que gritava e tumultuava a sessão desde o seu início, enquanto o vereador Carlos Pozza (PP) tentava ler o versículo bíblico. Quatro seguranças – a direção da Casa havia pedido reforço para a sessão – retiraram o cidadão e posteriormente solicitaram a presença da Brigada Militar, que acalmou os ânimos. O homem alegava ter sido agredido pelos seguranças.

 

A sessão chegou a ser interrompida por 10 minutos pelo presidente Gilmar Pessutto (PSDB) em uma medida que se não é inédita não ocorria no recinto há longos anos.

 

Com a retomada dos trabalhos, o vereador Moacir Camerini (PDT) e a vereadora Neilene Lunelli (PP) se manifestaram condenando a tentativa de aumento e pediram aos colegas que votassem contra. Camerini ainda tentou um último recurso: pediu vistas ao projeto, o que inviabilizaria o aumento no próximo ano. Foi derrotado, e a votação prosseguiu com a vitória do Governo.

 

Chamou a atenção de quem estava presente que sequer o líder de Governo, vereador Moisés Scussel (PSDB), tentou defender o reajuste em plenário. Não era necessário. Durante a tarde, o próprio prefeito Guilherme Pasin ligou para todos os vereadores – mas não conseguiu falar com todos – para explicar a importância do projeto que deve permitir um acréscimo na arrecadação da ordem de R$ 2 milhões em 2017.

 

Votaram contra o aumento Jocelito Tonietto (PDT), Moacir Camerini, Neilene Lunelli, Marcos Barbosa (PRB) e Paulo Roberto Cavalli (PTB), que justificou seu voto lembrando que o momento não permite aumento de carga tributária a uma população que já sofre com a crise da economia e com o desemprego. "As famílias vão precisar comprar material escolar no próximo mês para os seus filhos e não merecem mais esta sobrecarga", afirmou.

 

Longe da tribuna, o vereador Scussel tentou justificar o projeto. O mesmo aconteceu com o secretário adjunto de Finanças, Heitor André Tartaro. O que mudará, segundo eles, é a base de cálculo, composta como um percentual sobre a Unidade de Referência Municipal, a URM (que é o que muda, passando de 10% para 12,5%),  o fator de localização do imóvel (quanto mais central, maior o valor) e o valor venal do imóvel. “Neste caso, o valor maior só se aplica sobre o terreno ou a fração do terreno em que estiver o imóvel, portanto, não é sobre todo o carnê que o reajuste será de 25%”, justificam os representantes do Executivo.

 

Outra justificativa apontada são apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), mostrando que há descompasso entre o valor venal dos imóveis, extremamente defasados em relação ao valor de mercado.