Memória LEOUVE

A pizza, os ratos e as entranhas do poder

A pizza, os ratos e as entranhas do poder

Não existe segredo: tudo está na cara, já disse uma vez um poeta da mesma Curitiba que hoje abriga Sérgio Moro, e a cada dia que passa, a cada manchete, a cada delação e a cada manobra do governo e do Congresso, a gente percebe que o poeta estava mesmo certo.

 

Enquanto a delação do fim do mundo segue anunciando o apocalipse no Planalto Central da república das bananas, as máscaras começam a desabar estrondosamente das caras de pau que fazem a tragédia diária da nossa política tupiniquim.

 

E enquanto o temerário presidente tenta se equilibrar na corda bamba das reformas que pagam a sua conta, a queda anunciada inaugura um espetáculo do estouro da rataria que habita as entranhas do poder.

 

A delação de Marcelo Odebrecht confirma os R$ 10 milhões pra Temer; o diretor da empreiteira diz que tem provas disso – e pimba!: O ministro do STF e presidente do TSE, Gilmar Mendes, já prepara a massa da pizza pra anular a delação e defender os emplumados amigos.

 

O claudicante presidente tenta se agarrar nos tucanos e entregar o governo pra salvar a própria pele a duras penas, mas provoca a reação inesperada dos nanicos do novo centrão que tem Temer na mão com a chantagem da ameaça de obstruir a pauta do Congresso e não aprovar as reformas.

 

Daí o presidente refém volta atrás, jura de pé junto que não vai dar ninho aos tucanos, o senador Jader Barbalho, um dos caciques do PMDB, denuncia a manobra pra reconduzir FHC ao planalto e, agora, até o antigo aliado Ronaldo Caiado, do Democratas que faz dupla com os tucanos, já pede que ele renuncie, enquanto os promotores da Lava-jato já admitem que Temer é o maior inimigo da luta contra a corrupção.

 

Tudo está mesmo na cara.

 

E, com todo esse barulho, a rifa de Temer só depende de dia e hora. Se o sorteio for esse ano, o que só pode acontecer se ele renunciar, agora que o TSE já disse que a decisão sobre as contas da chapa Dilma-Temer só sai mesmo no ano que vem, tem eleições diretas.

 

 

Mas se o sorteio cair no ano que vem, é a rataria do Congresso que decide quem vai mandar no país, a menos, é claro, que a PEC das diretas a qualquer tempo saia da gaveta trancada a sete chaves. Mas isso, convenhamos, é ainda mais difícil, porque a última pesquisa do Datafolha se encarregou de jogar todas as chaves fora.