Quase passou batido, mas no final da semana passada, mais um caso de corrupção desta república de bananas veio à tona. Não que ele seja novo, longe disso. A novidade é que só agora, 11 anos depois das primeiras denúncias, lá em 2005, é que o Ministério Público encaminhou a investigação pra Procuradoria Geral da República.
O tal caso é nada menos que a lista do esquema de caixa dois nas eleições de 2002 abastecida com dinheiro desviado da estatal Furnas Centrais Elétricas, denunciada em 2005 e que desde lá se arrasta sem qualquer manifestação da Justiça, vazamentos seletivos, delações premiadas ou conduções coercitivas, nem fotos nos jornais ou manchetes na televisão.
Pois agora, 11 anos depois das denúncias de 2005, o MP carioca finalmente constatou que a temida lista de furnas tem uma incontestável materialidade que permite o aprofundamento das investigações e, pimba, encaminhou pra PGR.
É uma prova clássica de que a Justiça tarda. Só nos resta saber agora se ela não falha mesmo.
Talvez essa demora tenha a ver com os nomes emplumados que encabeçam a lista: gente como Geraldo Alckmin, José Serra, Aécio Neves e cia. Ltda. estão ali como principais beneficiados do esquema de desvio de dinheiro. E claro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que era o inquilino do Alvorada, precisa dar explicação, nem que seja pra dizer, como o outro aquele, que não sabia de nada.
O caso é emblemático, e mostra que, infelizmente, por aqui governo é quase sinônimo de corrupção.
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Nesse caso, como em todos os outros, o caso parte da cúpula do governo e lá estão como sempre o PMDB e o PP como estavam no mensalão e como estão agora até o pescoço no petrolão. A única coisa que muda é o governante de plantão.
Resta saber agora se as investigações sobre o furnalão vão andar, porque o mesmo Janot que recebeu as denúncias agora já engavetou a lista outras vezes. Mas agora, o Janot vai ter que molhar o bico no assunto porque a decisão de investigar vem da procuradoria.
Por isso mesmo, ainda que seja pra inglês ver, Janot vai ter que dar uma resposta. E já que é difícil acreditar que a investigação avance, que a grande imprensa cobre ou que os endinheirados da paulista tirem o verde-amarelo do armário, resta ficar de olho porque o assunto é muito sério.
Tão sério que até prisão rendeu pra jornalista que tentou denunciar o caso em 2014.
Tão sério que será preciso estar ainda mais atento e ainda mais forte.
Tão sério que, provavelmente antes da delação da Odebrecht inaugurar o fim do mundo, a gente vai ficar sabendo, de uma vez por todas, se a intenção da Justiça, dos janots e dos procuradores é mesmo limpar o país dos corruptos de todas as cores.
